Billy Wilder já foi citado duas vezes aqui pelos filmes “Quanto mais quente melhor” e “Se meu apartamento falasse”. Aqui, no TarjaClasscis, eu evito repetir gêneros de filmes ou diretores, mas acidentalmente cai, mais uma vez, num dos trabalhos deste grande diretor. Estava em busca de algum bom filme de investigação e como não ter um filme do maior detetive de todos os tempos? Sempre fui completamente fascinado pela dupla de Watson e Sherlock. Curiosamente nunca havia visto esse clássico “A vida privada de Sherlock Holmes”.
O filme não é uma adaptação de nenhuma das obras de Conan Doyle e justamente por isso ela toma liberdade de abordar um tema que sempre foi um mistério nas aventuras originais: como é a sexualidade de Holmes. Ele é gay? É assexuado? Qual é a dele? Fiquei muito surpreso de ver um filme do início dos anos 70 abordando um tema que gerou polemica a alguns dias atrás. O longa se inicia com uma modelo russa, do balé clássico, que deseja engravidar do detetive famoso, pois na teoria dela a junção de seus genes e dos dele, gerariam o filho perfeito. Ela diz que já indagou uma série de grandes mentes daquele período, mas cada uma tinha um problema, até que o tradutor da russa disse: “Tentamos Tchaikovsky, mas mulheres não é bem o seu prato preferido”. Ai Holmes responde “Digamos que ele não é o único”.
O filme todo deixa a dúvida sobre a sexualidade do personagem. Como a maioria das abordagens que envolvem o detetive ele é mostrado como um desequilibrado. Alguém que vive tanto no mundo mental que deixa em segundo plano todas as suas relações sociais. O caso em que eles embarcam envolve uma mulher que busca o marido desparecido. Devido às investigações eles precisam fingir que a senhora é esposa de Sherlock, colocando-o em diversas situações inconvenientes. Mas não se preocupe, esse não é um filme romântico, e sim um mistério digno das histórias originais. O trio inusitado chega a ir para a Escócia e até mesmo se deparam com temível mostro do lago Ness.
Os atores estão sensacionais, Robert Stephens interpreta o maior detetive do mundo e faz isso muito bem. É um dos filmes que é possível ver o personagem com a sua roupa clássica, que nunca existiu nos livros e sim nas ilustrações que acompanham a história. Talvez você já tenha encontrado esse ator no longa “Império do Sol”. Colin Blakely faz o Watson muito bem, servindo como escada e alívio cômico na medida certa. Geneviève Page é a atriz que interpreta a cliente que busca o marido e tenho que dizer: uma personagem incrível e surpreendente.
Para aqueles que viraram fãs do personagem devido a série da BBC essa é uma ótima pedida para ir mais fundo neste universo e ver uma história que realmente se passa no fim do século XIX. Vários personagens recorrentes na série estão neste filme, como Mycroft Holmes, o irmão do detetive. Nem preciso dizer que a direção de Billy Wilder é sensacional e faz tudo ficar belo. A música acompanha muito bem a trama de investigação, mas acima de tudo, um roteiro primoroso com um final incrível.