Apesar de ter sido concluída em 2013, esta é uma série tão conceituada e premiada que é vista até hoje. Já houve boatos de um retorno que logo foi refutado pelo próprio elenco e, mais recentemente, uma teoria afirmando que a criação de Vince Gilligan na verdade seria a gênese de The Walking Dead, ambas produzias pela AMC. Mas seja como for, Breaking Bad já se tornou um marco na cultura pop – chegando a ser exibida na TV aberta com o infame subtítulo A química do mal (wtf??) – por isso nunca é tarde para falarmos sobre ela.
A trama vencedora de diversos Emmy (incluindo melhor ator, roteiro e série dramática) nos mostra a trajetória de Walter White (Bryan Cranston), um frustrado professor de química do Novo México, que descobre ter câncer de pulmão em estágio avançado. Temendo pelo futuro da esposa grávida (Anna Gunn) e de seu filho com paralisia cerebral (RJ Mitte), Walter toma uma decisão extrema: usar seus conhecimentos como químico para produzir metanfetamina e deixar uma boa quantia em dinheiro para a família. Contando com a ajuda de seu ex-aluno, o viciado Jesse Pinkman (Aaron Paul), ele passa a fabricar e vender a droga até que a situação atinge grandes proporções.
Primeiro de tudo, o que fez dessa produção um fenômeno foi o brilhante roteiro. É algo aparentemente simples, mas cheio de nuances que tornam tudo mais subjetivo. Pela lógica, produzir e vender uma droga que causa forte dependência seria algo imediatamente condenável. Porém, o protagonista é um simples professor que nunca teve contato direto com esse mundo sombrio e entrou nele por puro desespero e necessidade. Walter é quase uma criança aprendendo a caminhar nos primeiros episódios. Mas, como é de se esperar, depois que aprende ele começa a correr, contornando obstáculos, derrubando-os se for preciso e também caindo algumas vezes, claro.
Entretanto, isso por si só não o isenta de culpa. Essa dualidade nos mostra quão surpreendentes e imprevisíveis podem ser as pessoas, tomando atitudes que nunca imaginaríamos, sejam por questões de sobrevivência ou mesmo cobiça. A trilha de White é um exemplo claro do que a ganância e a sede de poder podem fazer a um indivíduo, trazendo consigo aquele velho questionamento sobre os fins justificarem os meios.
Logo, para uma figura tão instigante e contraditória, com certeza é preciso um ator que dê conta do recado. E ninguém teria feito o trabalho melhor do que Bryan Canstron. Ele deu vida a Mr. White – ou Heisenberg, como era conhecido seu alter ego – de tal forma que fica impossível não associar seu nome à imagem do personagem, o qual ele conduziu o ao longo de cinco temporadas, interpretando de forma impressionante os altos e baixos do químico. Indo desde o servil cozinheiro de meta, que por vezes chegava a dar nos nervos, até o dono da situação, Walter era uma bomba relógio prestes a explodir (e explodir a cabeça dos espectadores consigo).
Mas, para dar os devidos créditos, Cranston não foi o único que fez uma atuação de primeira. Aaron Paul também surpreendeu a todos encarnando o viciado Jesse Pinkman, chegando mesmo a ganhar o Emmy de melhor ator coadjuvante em 2014. Pinkman é um papel tão forte que caiu nas graças dos telespectadores. Com uma personalidade instável, há momentos em que o odiamos e há muitos outros em que simplesmente o amamos, principalmente por sua lealdade. Junto com o Sr. White, eles travam uma relação conturbada de pai e filho, com uma cumplicidade crescente que lhes causa muitos problemas, mas também lhes fornece a solução para estes.
Como nada é perfeito, a série possui alguns defeitos, como suas personagens femininas, as irmãs Skyler e Marie, interpretadas respectivamente por Anna Gunn e Batsy Brandt. Nem o talento das atrizes impôs carisma à dupla, que serve apenas para ser irritante e frustrante (broxante, a palavra é essa). Outro ponto negativo é a quarta temporada em si que, apesar de fundamental para a trama, poderia ter sido mais objetiva e empolgante. O que compensa isso é o fato de a quinta temporada ser eletrizante do começo ao fim.
Para encerrar, a produção gerou uma série derivada, centrada em um personagem muito querido pelo público: Saul Goodman, interpretado por Bob Odenkirk. Better Call Saul também foi criada por Vince Gilligan e já contou com a participação de algumas figuras marcantes de Breaking Bad. Atualmente, ela se encontra na segunda temporada.
Muito ainda poderia ser dito sobre está obra incrível, mas para não estragar as surpresas, é melhor pararmos por aqui. Breaking Bad está na lista de melhores séries já criadas e não são poucos os que afirmam isso. Sendo assim, assisti-la é garantia de diversão e variados sentimentos, sobretudo o de satisfação com seu desenrolar e sua conclusão.
Assista ao trailer da primeira temporada!