Assim como toda sequência, Batman – O Retorno tinha a missão de consertar os erros do seu antecessor e superá-lo no resultado final. Infelizmente, o que acontece é exatamente o contrário neste filme cujo roteiro pouco empolga apesar de manter muitas das qualidades técnicas de Batman (1989).
Com o objetivo de manipular Gotham City, o milionário Max Shreck (Christopher Walken) tenta transformar o Pinguim (Danny DeVito), um ser deformado que tinha sido abandonado ainda bebê nos esgotos, em prefeito da cidade. Como se isto não bastasse, surge a Mulher-Gato (Michelle Pfeiffer) que, apesar de ser linda e sedutora, também tem dupla personalidade, em razão de problemas no passado. Ambos se tornam verdadeiros pesadelos para Batman (Michael Keaton) no presente.
Um dos maiores problemas de Batman – O Retorno é a escolha de dois ou mais vilões. Apesar da premissa colocar em foco o Pinguim e a Mulher-Gato, quem acaba ofuscando eles em alguns momentos é Max Shreck. Ele tem importância tanto na origem de um dos antagonistas principais como na condução da narrativa que os leva ao inevitável confronto com Batman. É até compreensível que o roteiro escrito por Daniel Waters e Sam Hamm utilize o personagem como um recurso que entrelaça as ameaças do herói, mas isso sai do controle no momento em que percebemos como novamente o protagonista fica apagado. Se em Batman, o Coringa de Jack Nicholson simplesmente tomava conta do filme com seu carisma e forte presença aqui na sequência o herói “some” em meio a tantos vilões carismáticos.
Um exemplo disso é a Mulher-Gato que se sobressai em meio aos vilões oferecendo muito mais que uma simples ameaça. Seu estilo femme fatale casa perfeitamente com a estética sombria da Gotham de Tim Burton que mais uma vez tem na trilha de Danny Elfman um conjunto único. Por conta disso, temos cenas muito boas em que a vilã utiliza da sedução para enganar o Batman e obter vantagens durante uma luta. Um exemplo disso é a cena marcante do “beijo de língua” no telhado, algo totalmente coerente com as atitudes dela nos quadrinhos.
No entanto, quem realmente tem mais tempo de tela é o Pinguim. Com seu físico obeso, deformado e personalidade excêntrica ele se encaixa de forma natural na proposta sombria do roteiro. Porém, a sua escuridão se perde na caricatura da interpretação de Danny DeVito. Com isso, temos cenas que tendem ao cômico em um ponto que vai além do necessário. Como se isso não fosse ruim o bastante, suas falas se estendem por tempo demais entregando ao público monólogos chatos e com peso dramático praticamente nulo.
Apesar de todos os pontos negativos de Batman – O Retorno, fica a saudosa lembrança deste filme que ficou marcado por qualidades técnicas como a excelente trilha sonora e o visual sombrio de Gotham. Não só isso como também trouxe atuações icônicas dos vilões da sequência. Sem dúvidas, um saldo positivo neste encerramento do trabalho de Tim Burton a frente da direção dos filmes do Batman.
Ficha técnica:
- Data de lançamento (no Brasil): 3 de julho de 19992
- Gênero: Ação
- Elenco: Michael Keaton, Christopher Walken, Michelle Pfeiffer, Danny DeVito, Michael Gough, entre outros ;
- Direção: Tim Burton
- Roteiro: Daniel Walters e Sam Hamm
Assista ao trailer:
Leia mais:
- Crítica de Batman Begins (2005)
- Crítica de Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008)
- Crítica Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)
Conteúdo relacionado: