Combinando uma mistura de musical com a trajetória de sua carreira, desde a chegada da gauchinha cheia de sonhos e expectativas, até seu final trágico, engolida por tensões e incertezas sobre sua vida, o filme Elis mostrou não só a grande cantora como também a mulher forte, autêntica, sem medo de falar o que pensa e determinada que foi Elis Regina.
Por ser uma biografia, o filme foge um pouco do modo Globo Filmes de produzir longas, que geralmente quer conquistar o público com comédias rasas, que ultimamente usam o mesmo enredo e tem comediantes de seus programas humorísticos da TV no elenco. Por ser um filme dinâmico, a trama não se desenvolve numa linguagem novelesca.
A passagem de tempo no filme é muito dinâmica, e não aparece diretamente ao espectador com a marcação das datas, exceto a localização temporal no começo, que marca a chegada de Elis ao Rio de Janeiro, no dia do golpe militar em 1964. Durante o longa, percebemos essa passagem com o decorrer das cenas mesmo. O espectador que deduz o tempo que passou.
Achei interessante o recorte sobre a ditadura militar e a forma como tudo acontecia na época, talvez numa tentativa de mostrar como não era bom viver esse momento. Pode ter sido uma intenção do diretor do longa, visto nosso atual panorama político.
A excelente atriz Andréia Horta soube muito bem interpretar a Pimentinha. Cada trejeito da cantora, seu olhar, o modo de interpretar as músicas, com sua dança de braços que no filme descobrimos como isso começou. Sua risada inconfundível, até o olho vesguinho dela, Andréia soube fazer com maestria. Não houve um momento em que não se percebesse a presença de Elis ali. Os demais atores também contribuíram para que o filme se destacasse, como Lúcio Mauro Filho, que virou o próprio Miéle e Gustavo Machado, que interpretou Ronaldo Bôscoli maravilhosamente bem. Destaque também para o ator Ícaro Silva, que interpretou muito bem Jair Rodrigues.