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A série animada da Amazon que adapta a hq de mesmo nome de Robert Kirkman (criador de The Walking Dead), estreou na plataforma com certo destaque por ser mais uma das releituras dos super-heróis clássicos dos quadrinhos. E Invencível é exatamente isso, com certas doses de clichês, sangue e uma espécie de “what if” na história. Um mais do mesmo, porém um pouco diferente.
Em Invencível acompanhamos a história de Mark Greysson, um adolescente de 17 anos que vive uma grande expectativa em sua vida: “quando seus poderes surgiriam?” Mark é simplesmente filho do Omni-man, uma espécie de Superman deste universo. E quando seus poderes despertam acompanhamos o desenrolar da história que envolve novos amigos, amores do colegial, algumas decepções… e muito sangue!
Sim, Invencível, apesar de se remeter às clássicas produções animadas da DC, tem um nível de violência e gore semelhantes à uma outra produção da Amazon, o The Boys. E a semelhança com esta série não para por aí. Invencível traz todo o arcabouço dos heróis da DC com leves alterações para não tomar algum processo judicial de plágio. Temos heróis equivalentes ao Batman (Asa Negra), Mulher Maravilha, Flash, Aquaman – que é literalmente um peixe rs – e etc. Até as formações de equipes estão lá, os Guardiões Mundiais é a Liga Da Justiça, Jovens Titãs e por aí vai…
Mas uma diferença grande entre The Boys e Invencível é a essência. Enquanto The Boys traz uma sociedade de heróis deturpada com o glamour, poder e arrogância de tais seres ao ponto de odiá-los. Em Invencível enxergamos a essência do herói e suas responsabilidades sociais, mas sem deixar de problematizá-los, trazendo as consequências dos atos heroicos, a vida do herói dentro de sua casa e de seu grupo, como acontece principalmente com a Eve, que convive com um pai controlador e um namorado super-herói babaca, o que deixa a personagem superpoderosa num contexto bastante realista. E isso é essencial. Dar um contexto humanizado, próximo ao espectador para que o mesmo possa se identificar com tais questões. E temos disto também e até de forma maior com o nosso protagonista.
Mark é sem dúvidas o espectador na série. Uma pessoa que tem uma vida sem poderes, estudando no segundo grau, lendo os seus quadrinhos e sofrendo bullying… um jovem normal, mas que de repente desperta seus poderes de filho do Omni-man. Vemo-nos seguindo os passos de Mark, a descoberta dos novos poderes, um pai pra ensinar a controlá-los, o uniforme e nome de herói à escolher, a vida em segredo e a paquera da escola… difícil não se identificar com o Mark. Até mesmo com a vindoura decepção paterna.
Já no primeiro episódio de Invencível temos um tremendo plot-twist na cena pós-credito que influenciaria todo o mistério da série. Acompanhamos a investigação da agência do governo sobre o ocorrido já sabendo quem fez, e nossa curiosidade e temorosidade crescem mesmo assim. Por que e pra quê o Omni-man faria tal coisa? E a partir dali um futuro decepcionante para Mark e desolador para a humanidade já é construído. E aqui temos a nossa dose de “what if” sendo implementada: “e se o Superman não fosse uma pessoa/alienígena com boas intenções?”
Nos últimos episódios temos uma amostra do que poderia acontecer em tal realidade com o embate de super-seres poderosos. Mas, ainda assim, a série não deixa de tratar sobre humanidade mesmo no esperado e nada equilibrado embate entre pai e filho de sangues alienígenas. Clichê, mas nem tanto.