Um thriller na Sibéria com Keanu Reeves parece um programa infalível para aquele fim de tarde fria. Mas prepare-se para se decepcionar com um filme fraco, sem suspense, sem romance, sem tensão, e até sem pretensão alguma de ser além de um clipe que explora imagens de Keanu Reeves de casaco sobretudo olhando pro nada, interpoladas com cenas de sexo gratuitas com a atriz romena Ana Ularu (Katya).
Nos créditos iniciais minha consciência já tinha ligado o alerta do que estava para vir quando vi que o filme é produzido pela Saban Entertainment Group – aquela mesma do Power Rangers e outros – tão acostumada a produzir home-vídeos caça niqueis baseados em um ator de renome. Mas mesmo assim caí na armadilha, mas, em minha defesa, foi uma armadilha muito bem montada. Após sucessos com a franquia John Wick, ver a figura de Reeves no cartaz de um filme é algo tentador para um bom apreciador de filmes de ação. Engraçado que esse filme poderia ser vendido como John Wick num filme que não é John Wick.
Sibéria foi vendido como um elaborado suspense de um comerciante de diamantes que está em maus lençóis com um magnata russo, enquanto se aventura romanticamente com uma local siberiana. Pois bem, o filme não consegue construir um mínimo vestígio de suspense ou inspirar algum traço de tensão no espectador. Somos colocados em uma trama confusa, aonde mistérios não são nada mais do que apenas recursos narrativos para levar Lucas Hill (keanu Reeves) de um lugar para outro na história sem que nada seja respondido. Quem é Pyotr? Quem são os sul-americanos? Quem é a FSB? são elementos jogados no filme que não são minimamente explicados. Tudo tenta deixar a trama mais complexa do que ela é, mas no fim percebemos que eram simplesmente coisas sem importância para a história.
Outra coisa de amargar é a relação que acontece do nada entre Lucas e Katya. Algo forçado entre dois personagens vazios, num flerte de romance proibido devido aos irmãos brucutus da siberiana. Com cenas de sexo a todo momento de forma gratuita, o filme tenta porcamente construir um apego psicológico entre os personagens, mas é tão superficial que chega ser indiferente para o espectador. Cenas como “me abrace após o sexo”, “será que você é feliz com sua esposa?” são simples de mais para nos importarmos com algumas situações grotescas que Katya passa com o magnata russo Volkov (Pasha D. Lychnikoff), ou para crermos nessa conexão quase doentia entre os dois. No fim nada é respondido e ficamos estupefatos com a cara de pau do diretor de gaveta Matthew Ross.
Sibéria fracassa totalmente no que se propõe, apesar da Saban ter mudado de nome várias vezes, esse filme mostra que na realidade a produtora não mudou muito desde a década de 90. Porém o saldo negativo maior é de Keanu Reeves que após uma excelente guinada em sua carreira, perde um pouco de seu prestígio após atuar nesse filme. Porém o seu saldo bancário deve estar muito positivo.