Em diversos tipos de filmes existe certo prazer em ver os personagens, geralmente os protagonistas, fazendo algo moralmente questionável. É como se liberássemos certa catarse através da ficção ao ver coisas erradas sendo feitas, coisas essas que nós não faríamos em nossas vidas. Por vezes isso é dramático, emocionante, divertido, mas muitas outras vezes pode ser bastante engraçado. The House é um filme que segue exatamente essa linha e com dois atores de peso para dar cabo de um roteiro insano.
Os pais de Alex entram em desespero ao perceberem que não terão como pagar a faculdade de sua extremamente amada filha. Com o intuito de juntar dinheiro para pagar a educação de Alex, a dupla se junta com um amigo louco e decidem montar um cassino ilegal. Toda a cidade acaba envolvida no esquema e isso começa a atrair a atenção das autoridades dos outros bandidos locais.
Esse é um daqueles filmes que são construídos em torno dos atores principais, então se você não gosta de Will Farrell ou Amy Poehler dificilmente vai curtir esse longa. O estilo de humor é totalmente insano, com personagens insanos em situações insanas. Toda essa maluquice da certo justamente porque o diretor Andrew Jay entende o tom cômico desse filme. Não tenta criar drama ou inserir outros elementos que não vão combinar com o estilo de humor exagerado deste filme. O fato de ele também ser um dos roteiristas, em conjunto de Brendan O’Brien, ajuda a manter o tom no local certo, pois ele sabe exatamente como fazer tudo soar engraçado ao longo da narrativa. O diretor tem um histórico de comédias nesse estilo e conseguiu fazer um filme divertido, mas nem tão marcante.
Will Farrell está fazendo o seu estilo clássico de comédia, mas de forma um pouco mais contida do que outros filmes, onde ele corre pelado (literalmente). Sua dupla com Amy é excelente e os dois fazem os pais que muita gente adoraria ter. Eles são super protetores de um jeito engraçado, além de insanos na medida certa para não começar a ficar chato. Jason Mantzoukas compõe o trio de forma muito boa. Para quem já o conhecia no seriado Brooklyn Nine Nine, não vai ser uma surpresa ver o seu estilo que até se assemelha um pouco com o que o Farrell faz geralmente. O filme é recheado de bons atores experientes em comédia como Rob Huebel.
O roteiro em si é bom, mas nem tão marcante para quem está acostumado a assistir muitas comédias. O que de fato é mais interessante neste filme é o seu conceito de dois pais suburbanos começarem um cassino ilegal. Faz-me pensar que Breaking Bad poderia ser refilmado para virar uma comédia, pois é a mesma ideia de pessoas comuns fazendo algo ilegal para sustentar a família, mas que gradativamente vão gostando da vida de criminalidade. Esse é um daqueles filmes onde muitas coisas não fazem sentido. Não faça perguntas como “Como eles arranjaram isso?”, “Como ninguém percebe isso?” e “Mas a lei não funciona assim”, pois se você analisar o roteiro desse filme nesse nível não irá conseguir aproveitar a proposta anárquica do roteiro.
Entretanto, apesar de divertido, o filme não parece aproveitar toda a loucura que é a ideia de um cassino ilegal num subúrbio pacífico. Os acontecimentos, apesar de loucos, não são muito marcantes ou inventivos. Não estamos falando de loucura no nível “Se Beber Não Case”, mas ainda assim consegue ser divertido, mais pela atuação de Farrell e Poehler. O filme tem uma estrutura bem linear e às vezes até previsível para quem está bastante acostumado com esse estilo de filme, ou filmes no geral. As piadas em si são boas, mas também nada genial ou totalmente incrível. Provavelmente você não vai sair com nenhum momento marcante, mas no meio do caminho vai dar umas boas risadas. Um filme bom para ver no fim da noite com uma pipoca sem muita pretensão.