[authorbox authorid=”5″ title=”Crítica por:”]
David Koepp é um diretor e roteirista com uma carreira curiosa, vai de filmes muito bons e outros muito ruins. Seus trabalhos com roteiro incluem o primeiro filme do Homem Aranha, Jurassic Park: O Parque dos Dinossauros e o primeiro filme da franquia Missão Impossível. Mas ele também escreveu coisas bem ruins como o filme da Múmia de 2017 com Tom Cruise e Indiana Jones e a Caveira de Cristal. Agora ele adapta o livro de terror do autor Daniel Kehlmann, tanto como diretor quanto roteirista.
Um banqueiro aposentado se casa com uma atriz mais nova e tem uma filha. Ele vem sofrendo com crises de ciúmes e decide levar a família para uma viagem numa casa isolada no País de Gales. Ao que parece o local é assombrado e a realidade lá dentro não existe. Agora esse pai de família terá que lidar com o sobrenatural e seu passado misterioso.
Basicamente essa é uma história de casa mal assombrada. Para muitos esse é um tema esgotado, mas acredito que justamente por ser tão simples ele carrega milhões de possibilidades. Esse filme até possuiu coisas interessantes no quesito sobrenatural, principalmente quando começamos a descobrir os segredos da casa.
O problema está justamente quando mergulhamos na parte sobrenatural e o filme verdadeiramente engrena. Até a primeira metade o que tínhamos era um drama familiar com um protagonista verdadeiramente interessante. O personagem de Kevin Bacon possui problemas familiares reais com diálogos que os desenvolvem muito bem e, surpreendentemente, toma decisões inteligentes quando a parte do terror começa. Talvez se esse filme tivesse desistido de ser um terror e aceitado ser um simples drama familiar talvez tivéssemos algo mais eficiente. No geral, parece mais um suspense leve com elementos sobrenaturais do que um filme de terror propriamente dito.
Apesar de ser uma história sobre uma casa mal assombrada, tudo se passa numa construção super moderna, clara, iluminada e saída de uma revista de arquitetura. É muito difícil criar suspense e medo num lugar assim. Mesmo quando temos o lado sombrio da construção é algo bastante genérico visualmente. Apesar de ter conceitos interessantes para lidar com o sobrenatural, o roteiro exagera em tentar manter o mistério e acaba não explicando o suficiente para ter o mínimo de sentido. Parece que essa parte da história não foi finalizada e diversos furos de roteiro são criados justamente porque o roteiro tenta excessivamente ser misterioso. Às vezes parece que o roteiro nem foi terminado.
Ironicamente esse filme consegue fazer bem uma coisa que quase nenhum filme faz: uma sequência de sonho. Praticamente todos os filmes de terror utilizam sonhos para criar um momento assustador, sem precisar fazer com que ele realmente aconteça na história. Quase sempre essas cenas são bem óbvias e um enorme desperdício de tempo. Neste filme acho que foi a primeira vez que vi uma cena onde eles utilizam esse recurso e uma coisa verdadeiramente interessante acontece.
No fim temos um terceiro ato sem graça e bem fácil de prever, mas que falha em criar uma lógica interna para que o filme faça sentido dentro das próprias regras. Muita coisa fica em aberto, a ponto de não fazer sentido e o espectador não se engajar na trama. Conceitos interessantes são usados ao longo do filme e me deixou curioso para conferir o livro de Daniel Kehlmann que certamente deve ser melhor que o filme.
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