Com a responsabilidade de manter o sucesso de seu primeiro filme, Deadpool volta com mais dinheiro, respaldo e mais personagens em seu segundo filme. E, apesar de ter uma mensagem mais “altruísta” que seu longa predecessor, Deadpool 2 repete a fórmula, no bom e no mau sentido, e fica indeciso na evolução de seu protagonista.
Tudo bem que a tarefa é realmente complicada. O primeiro filme lançado em 2016 quebrou todo o padrão dos filmes de heróis, inclusive se auto-intitulando filme de anti-herói, com quebra da quarta parede, classificação etária máxima, muito sangue e humor negro. Bem, temos tudo isso novamente, porém já não é mais novidade, e o Deadpool 2 institucionalizou tal formato. O que não quer dizer que é um filme ruim, aliás é divertido.
Desta vez temos Cable (Josh Brolin) como seu antagonista, e o estilo do humor de contraste funciona bem, coisa que já tinha sido feita com o Colossus no primeiro filme. Falando em Colossus, há claramente uma necessidade de incluir Deadpool (Ryan Reynolds) no mundo dos X-Men dos filmes, e isto na minha opinião foi um pecado. No seu primeiro longa a inclusão dos X-Men se dá de uma maneira mais afastada, apesar de termos Colossus, Megasonic e a mansão Xavier. O filme parecia que era algo mais isolado do confuso universo cinematográfico dos mutantes da Fox. E desta vez a inclusão neste universo foi de cabeça, talvez numa tentativa falha de levantar o interesse do público para os próximos filmes dos “mutunas”, mas, de toda maneira, tudo vira piada mesmo.
Há uma clara evolução no quesito ação e efeitos especiais, com o notório ganho de investimento para esta sequência, onde ganhamos mais cenas de combate no filme. Temos uma grande sequência de ação em cada ato, e com uma adição de um personagem que todo fã dos X-Men vai adorar, a partir do segundo. A temática, ou a “lição de moral”, do filme tenta evoluir também. Se no primeiro toda a quest era para salvar seu amor (Morena Baccarin), neste segundo a quest era a família. Não a “família tradicional”, mas a família Deadpool. Com uma mensagem altruísta por caminhos tortos, o novo longa do Mercenário Tagarela claramente tenta fugir do canastrismo que lhe foi consagrado. Porém tal “evolução” não acontece de forma funcional no filme.
Deadpool 2 fica num meio-termo, indeciso na questão de evoluir sua própria trama para algo a mais ou entrar de cabeça no cerne trickster do caos do personagem. Talvez a mudança na direção tenha influenciado (David Leitch substituiu o Tim Miller, que saiu da produção por divergências), e talvez essa indecisão lhe custe caro no futuro. Mas, de toda forma, caso você tenha curtido o primeiro longa, você se divertirá novamente nesta sequência. Deadpool é cômico e ácido como sempre. Mas talvez você fique com um gostinho de “já vi isso antes”.