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Spoilers: Este texto contém spoilers de séries do Arrowverse, Disney + e de Vingadores: Ultimato.
O multiverso é real e está sendo “contaminado”. Depois de ser adaptado tantas vezes na cultura pop “ele” corre o risco de sofrer com os efeitos de um vírus chamado…crossover. O termo, que não é estranho para o público nerd, muitas vezes é motivo de empolgação, mas nesse contexto que vou apresentar a seguir pode ser exatamente o contrário. Trata-se de uma “doença” que está crescendo nas adaptações de quadrinhos e é transmitida quando roteiristas buscam realizar desejos dos fãs em ver seus heróis dos quadrinhos encontrando com versões suas de outras realidades. Inclusive, esse é o caso de produções recentes que adaptaram personagens de Marvel e DC. Pensando nisso, ficam as dúvidas: O que pode acontecer quando surgir a próxima vítima? E que efeito isso terá próximas adaptações de quadrinhos como um todo?
Para buscar respostas (ou tentar, pelo menos) vamos voltar no tempo para o que pode ser considerado o ponto inicial de disseminação. Em 2014, The Flash estreava com Grant Gustin no papel principal e um elenco que trouxe o retorno de John Wesley Shipp ao universo do velocista da DC. Para muitos fãs, principalmente os mais atentos, isso não era nenhuma novidade já que o Arrowverse pode ser considerado um multiverso com heróis e vilões de “mil faces”. No caso do ator em questão tem o fato dele já ter interpretado na série não só o pai do protagonista como também o velocista Jay Garrick e uma versão mais velha de seu Flash da tv. É bem provável que todas essas participações devem ter formado a semente que deu vida ao breve e inusitado encontro entre “Flahses” na adaptação de Crise nas Infinitas Terras. Esse momento foi tão inusitado e surpreendente que desde então cogita-se a possibilidade de que algo parecido aconteça no filme solo estrelado por Ezra Miller, o que pode criar um multiverso cinematográfico nos filmes do estúdio.
Ainda sobre o grande evento das séries da CW temos outro crossover desse tipo que não pode ficar de fora. No terceiro episódio da Crise vimos Brandon Routh, conhecido por interpretar Elektron/Ray Palmer em Legends of Tomorrow e o protagonista do filme Superman – O Retorno (2006), voltar ao papel do Homem de Aço e confrontar a versão atual vivida por Tyler Hoechlin. Vale lembrar que nesse breve encontro o ator interpretou uma versão inspirada na graphic novel Reino do Amanhã, mas que ao mesmo tempo fazia referência ao filme estrelado por ele.
Do lado da concorrência temos como exemplo Homem-Aranha no Aranhaverso (2019), uma animação que entra para a história pela qualidade e por ser o melhor dos crossovers do herói que já encontrou com várias versões suas em outras produções. Desse modo não há dúvidas que o sucesso desse longa tem uma grande parcela de culpa por alimentar o monstruoso hype em torno de um possível encontro de versões live action em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa. Independente disso acontecer ou não já podemos comemorar a confirmação de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso.
Coincidência ou não nesse mesmo ano Vingadores: Ultimato e suas viagens no tempo em busca das joias do infinito possibilitaram alguns “crossovers” desse tipo, algo esperado quando esse recurso é utilizado nesse tipo de filme. Dessa vez Capitão América e Nebula foram os alvos dessa “doença” que gerou confrontos previsíveis assim como acontece em basicamente todo encontro desse tipo. No caso da filha menos favorita de Thanos a consequência foi bem dolorosa além de provavelmente ter algum impacto no próximo filme dos Guardiões da Galáxia.
Outro personagem da Marvel que conheceu seus outros “eus” foi Loki. Na primeira temporada da série solo do deus da mentira conhecemos suas variantes, versões alternativas de outras linhas do tempo, e fomos finalmente apresentados ao conceito do multiverso no Universo Cinematográfico da Marvel e graças a isso temos material de sobra para especulações a respeito de seu futuro. Veremos Loki novamente em Doutor Estranho no Multiverso de Loucura? As ações de Sylvie no último episódio tiveram algum impacto na tentativa de feitiço do Doutor Estranho em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa? Existe alguma relação com Wandavision? Essas e outras questões são apenas algumas das que tem circulado pela internet e que só tem encontrado “respostas” através de teorias variadas.
Por último, não podemos esquecer daquele filme que pode ser a próxima vítima dessa “doença” do multiverso: Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa. Se nessa continuação acontecer o tão aguardado encontro entre os Homens-Aranha (Tobey Maguire, Andrew Garfiled e Tom Holland), algumas possibilidades criativas serão perdidas além de ofuscar a versão atual do cabeça de teia. O mesmo pode ser dito em relação a outras adaptações caso isso se repita.
Enfim, depois de relembrar todos esses exemplos percebo que o recurso desse tipo de crossover em adaptações do multiverso está se tornando um risco. Em outras palavras, uma “doença” que contamina a criatividade e faz com que roteiros reutilizem ideias com grande potencial de desgaste rápido. Apesar disso, fica a esperança para que o caminho da cura não esteja totalmente perdido.
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