Animes de esportes sempre tiveram a capacidade de tornar mais emocionante qualquer disputa. E o resultado final fica ainda melhor quando o esporte em questão é o boxe. Esse é o tema central de Hajime no Ippo, animação da Madhouse exibida pela primeira vez entre 2000 e 2002 que voltou a ficar em evidência após sua inclusão no catálogo da Netflix e da notícia de que a produção é uma das referências para o filme Creed 3 (2023).
Nessa adaptação do mangá homônimo, acompanhamos a trajetória do estudante Ippo Makunouchi desde quando era um estudante atrapalhado vítima de bullying até descobrir seu talento como boxeador. Porém, ele percebe que para realizar o seu desejo de se tornar um campeão, terá de treinar duro e enfrentar vários adversários mais fortes e experientes que ele.
Logo de cara podemos perceber alguns clichês na trama, contudo isso funciona tão bem agora quanto funcionava há 20 anos, quando o anime foi lançado. Mas o que torna a premissa de Hajime no Ippo tão cativante é o fato de ela se sustentar em cima de técnicas e lutadores reais do mundo do boxe, algo que dá muito mais verossimilhança e realismo para a história, sem depender de poderes ou artifícios sobrenaturais.
Para quem é fã de shounen – gênero de animes tipicamente de ação e com cenas de luta – a princípio pode parecer estranho a ausência de superpoderes e o foco em uma luta como o boxe. Porém o roteiro consegue deixar tudo mais emocionante e atrativo apenas adicionando dramaticidade, sem acrescentar elementos fantasiosos em excesso, algo que afastaria os personagens de seres humanos comuns.
E falando de humanidade, o lado pessoal é algo bem desenvolvido no decorrer dos episódios. Além da evolução técnica do protagonista, há também todo o seu amadurecimento e a conquista de uma confiança que não existia ali antes. Sobra espaço até mesmo para os personagens secundários: Takamura, campeão na categoria dos pesos médios, Aoki e Kimura, outros dois boxeadores de categorias diferentes. Boa parte da participação desses três serve como alívio cômico, mas todos possuem boas histórias de vida e protagonizam momentos relevantes, sejam atuando como mentores ou simplesmente contando suas próprias histórias.
A atenção aos coadjuvantes é uma característica benéfica para o anime, pois deixa menos evidente o protagonismo em cima de Ippo. Outro ponto que suaviza isso é que os adversários de Makunouchi também possuem suas trajetórias pessoais, muitas das quais despertam a empatia do espectador e nos deixam com o coração dividido na hora de escolher quem é mais merecedor de vencer uma luta.
Outras duas temporadas foram produzidas: Hajime no Ippo: New Challenger (2009) e Hajime no Ippo: Rising (2013 a 2014), além de filmes e OVAs canônicos voltados para os personagens secundários. O mangá é lançado até hoje e conta com mais de 1100 capítulos divididos em mais de 100 volumes, superando o gigante One Piece em quantidade.
Superação é a palavra que melhor define Hajime no Ippo. Entre sacrifícios, suor, sangue e lágrimas, vemos a evolução não apenas do personagem central, mas também daqueles que o cercam. Assim temos um anime atual e influente que prende a atenção por evidenciar o lado mais emocionante de uma luta que por si só reserva boa quantidade de surpresas e reviravoltas.
Ficha técnica:
- Ano de lançamento: 2000
- Gênero: anime de esportes, ação, drama, comédia
- Músicas de abertura:
- Under Star – Shoking Lemon (episódios 1 ao 25)
- Inner Light – Shoking Lemon (episódios 26 ao 52)
- Tumbling Dice – Tsuneo Imahori (episódios 53 ao 76)
- Músicas de encerramento:
- Yuuzora no Kamihikouki – Mori Naoya (episódios 01 ao 25)
- 360° – Mori Naoya (episódios 26 ao 52)
- Eternal Loop – Saber Tiger (episódios 53 ao 76)
- Criador: George Morikawa
- Estúdio: Madhouse
- Número de episódios: 76 (temporada 1)
- Status: concluído
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