Quando foi anunciado o filme dos Emojis, há alguns anos atrás, tudo foi encarado como uma grande piada da internet que parecia nunca se concretizar efetivamente, principalmente pelas péssimas críticas que recebeu. Entretanto, aqui estamos em 2017 com o lançamento dessa animação, concretizando assim a tal piada. O filme chega ao Brasil em 31 de Agosto e a crítica nacional também parece ter renegado a qualidade do filme assim como os americanos. Mas esse filme é tão terrível assim?

Gene é um emoji que simboliza o sentimento de indiferença. Na cidade onde vivem os emojis todos precisam se manter fiéis aos sentimentos que representam e nunca podem mudar. O problema é que Gene é cheio de outros sentimentos e precisa refreá-los o tempo todo, até o momento em que é descoberto pelos outros emojis. Quando isso acontece ele precisa iniciar uma fuga pelo mundo dos aplicativos com seu novo amigo emoji de mão aberta, para ser reprogramado e sentir exclusivamente o sentimento da indiferença.

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O que mais me surpreende nesse filme é como os roteiristas Tony Leondis (que também é o diretor) e Eric Siegel, com o auxílio de alguns outros nomes que fizerem o screenplay, conseguiram realmente criar uma história a partir da premissa de um filme de emojis. O filme é realmente ruim, mas ele é mais bobo do que qualquer outra coisa. Um roteiro que se esforça ao máximo para ter alguma coisa para contar, mas continua sendo completamente vazio.

O que tem de mais absurdo nessa animação toda é a glorificação da internet e da comunicação por emojis. Temos o cúmulo de frases como “O emoji é a invenção mais importante da história da comunicação”. O dono do celular onde se passa a história é completamente incapaz de se comunicar com a menina que gosta de outra forma que não seja por emojis. Na verdade o filme mostra como se todos os jovens fossem completamente ligados ao seu celular de forma completamente simbiótica. Parece a visão daquele tio que diz coisas como “esses jovens só querem saber de celular”.

O humor da animação é muito pouco criativo. Ela se baseia quase que exclusivamente em piadas que envolvem emojis. Coisas como o emoji que representa fezes só fazer piadas escatológicas, ou o emoji “Hi-5” que só faz piadas envolvendo o campo semântico da mão. Quando o roteiro começa a viagem por dentro do celular parece que estamos vendo um grande comercial de aplicativos. Pouquíssimas piadas funcionam ao longo da trama, e mesmo as que funcionam não são muito boas. Claro que isso é relativo, mas é visível a pouca criatividade em trabalhar esse universo de internet. O filme nem se aproveita do humor típico da internet. Prefere fazer piadas padrões e totalmente previsíveis.

No fim só é possível ficar surpreso como eles realmente conseguiram tirar um arco dramático da premissa de um filme de emojis. Mas não significa que é um bom arco, o que existe de interessante possui uma resolução pífia. O filme é completamente esvaziado e com pitadas de glorificação bizarra à comunicação por celular. Nada que valha seu tempo ou de qualquer criança que alguém pode pensar que pode vir a gostar desse filme. Existe uma boa quantidade de animações antigas e recentes que valem mais o seu tempo e ingresso do que Emoji.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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