Tijolômetro – A Garota da Agulha (2024):
A magia do Cinema consiste em despertar as mais variadas emoções nos espectadores, seja de alegria, medo, tristeza e mais uma quantidade enorme de sentimentos que se combinam. No caso de A Garota da Agulha, o representante da Dinamarca na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2025, essa resposta emocional é levada ao extremo, causando um choque que poucas produções conseguem hoje em dia.
Lançada no Festival de Cannes, a trama dirigida pelo sueco Magnus von Horn nos transporta para Copenhague logo após o fim da Primeira Guerra Mundial. Lá, somos apresentados à Karoline (Vic Carmen Sonne), uma operária na fábrica têxtil da cidade. Depois de perder o emprego e descobrir que está grávida, Karoline conhece Dagmar (Trine Dyrholm), uma mulher aparentemente gentil que administra uma agência de adoção clandestina. Elas criam um vínculo intenso, mas as coisas mudam quando um segredo terrível é revelado.
Além do remake de Nosferatu, A Garota da Agulha é mais uma obra de 2024 com forte inspiração no Expressionismo alemão. Desse modo, a produção – toda em preto e branco – se vale do jogo de sombras, contrastes e sobreposições de imagens para representar as angústias da humanidade no período sombrio do pós-guerra. Essa estética peculiar reforça a atmosfera de deterioração do ambiente, criando a aflitiva sensação de sujeira e corrupção por todos os lados. O clima pesado resultante disso é amplificado por deformidades físicas e traumas psicológicos dos personagens.
Dentro desse contexto, as atrizes Vic Carmen Sonne e Trine Dyrholm se destacam ao interpretar as figuras centrais da narrativa e expor as diferentes camadas das duas mulheres até termos uma opinião sólida sobre elas. De um lado, Karoline é uma jovem desesperada que alterna momentos de frieza e empatia enquanto tenta fugir de uma vida de misérias. Do outro, Dagmar, mais velha e experiente, desperta emoções divergentes, ora com gestos de generosidade, ora com atitudes questionáveis.
De início, o filme parece se encaminhar lentamente para um drama pessoal já visto antes: a garota pobre e desamparada que age por impulso tentando sobreviver e depois se arrepende. Mas a cada novo acontecimento, as coisas vão tomando rumos inesperados em uma espiral descendente de tragédias e infortúnios que se tornam cada vez mais perturbadores. Desde a cena que justifica o título do longa até o desfecho, vamos do espanto ao choque, passando à repulsa. E, como um último e terrível acréscimo, vem a informação de que essa história se baseia em fatos reais.
A Garota da Agulha não é fácil de ser digerido, muito menos confortável para ser assimilado rapidamente. Porém, é inquestionável que a obra não será esquecida tão rápido por aqueles que a assistirem. Apenas esse fato já é o suficiente para que a experiência valha a pena para aqueles que gostam de se sentir marcados pela Sétima Arte.
Assista ao trailer:
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