Tijolômetro – A Revolução Robô

Ótimo!

[SPOILERS A SEGUIR] Com uma nova e carismática companion, mistérios no melhor estilo “wibbly-wobbly, timey-wimey” e uma trama que equilibra aventura espacial com críticas sociais relevantes, A Revolução Robô inaugura a segunda temporada de Doctor Who com mais segurança e qualidade em relação à anterior. E essa é a melhor notícia para os fãs, que agora veem sua esperança renovada em relação ao futuro da série.

O Doutor (Ncuti Gatwa) precisa agir rápido para resgatar a enfermeira Belinda Chandra (Varada Sethu), sequestrada da Terra por robôs gigantescos e perigosos. Ela é levada para Senhoritabelindachandra Um, planeta batizado em sua homenagem por Alan Budd (Jonny Green), um ex-namorado obcecado e controlador.

Sem sutileza, o roteiro de Russell T. Davies retoma elementos já explorados na Era Moderna para apresentar a nova companheira do Senhor do Tempo. Os fãs mais atentos perceberão que a premissa remete a Smith and Jones (S3E01), mas com um tom mais dramático. Além disso, a dinâmica entre o 10º Doutor (David Tennant) e suas companions Martha Jones (Freema Agyeman) e Donna Noble (Catherine Tate) em suas primeiras viagens na TARDIS encontra ecos na relação estabelecida aqui. Para quem acompanha desde a Era Clássica, há também semelhanças entre Belinda e Tegan Jovanka (Janet Fielding), a companion do 5º Doutor (Peter Davison), que inclusive participou do especial The Power of The Doctor (S14E0).

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Outro acerto é a forma como o episódio escancara, logo nos primeiros minutos, o machismo de Alan, transformando diálogos aparentemente banais em pistas importantes para o mistério envolvendo esse planeta de nome excêntrico e conflitos entre humanos e máquinas. Assim, a crítica aos incels — homens ressentidos que culpam as mulheres por suas frustrações amorosas e sexuais — se torna evidente quando o grande vilão se revela: o próprio Alan, agora em uma versão deteriorada, com partes do corpo substituídas por peças robóticas e a obsessão de se fundir com sua proclamada rainha Belinda.

Nesse aspecto, a série também aproveita para revisitar o antigo medo da rebelião das máquinas, atualizando o debate. O cenário de Senhoritabelindachandra Um e a presença de uma inteligência artificial ampliam a discussão, sobretudo num contexto em que um planeta inteiro está submetido à vontade de um homem tentando impor controle sobre uma mulher.

Em meio a isso, há vários mistérios a serem resolvidos, como os lapsos temporais. Logo no início, o Doutor e Belinda são separados por seis meses e, em seguida, o ex-namorado dela é sequestrado após ter seu nome citado. Infelizmente, a explicação do protagonista para esses eventos se mostra confusa, mas outros pontos são conduzidos de forma mais clara e instigante — como o mistério da impossibilidade de Belinda retornar ao planeta Terra e a coincidência de seu encontro com o Doutor, considerando que ela tem o mesmo rosto da fuzileira Mundy Flynn, apresentada em Boom (S1E03). Por último, ainda temos a rápida participação da Srta Flood (Anita Dobson) e sua quebra de quarta parede sendo uma ponta solta propositalmente deixada para instigar mais teorias sobre sua real identidade.

A Revolução Robô deixa saldo positivo, principalmente pela excelente apresentação da nova companion. Além disso, inicia a nova fase do Doutor com o pé direito, estabelecendo uma expectativa alta e o desafio de manter — e, quem sabe, superar — esse nível até o fim da temporada.

Ficha técnica:

  • Episódio: 2×1 – Doctor Who: A Revolução Robô (The Robot Revolution)
  • Data de exibição: 12 de abril de 2025
  • Roteiro: Russell T. Davies
  • Direção: Peter Hoar
  • Duração: 46 min.
  • Elenco: Ncuti Gtwa (Doutor), Varada Sethu (Belinda Chandra), Jonny Green (Alan Budd), entre outros.

Assista ao trailer de A Revolução Robô:

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Marcus Alencar

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