Tijolômetro: A Mulher na Cabine 10
Entre as estreias de outubro na Netflix, A Mulher na Cabine 10 entrou no catálogo reforçando um fato: o suspense é um dos gêneros mais empolgantes do cinema. Mesmo quando recorre a algum tipo de clichê, o filme não perde sua qualidade ao fazer o básico com o intuito de contar uma boa história.
Laura Blacklock (Keira Knightley) é uma jornalista convidada para uma viagem de trabalho a bordo de um iate de luxo. Designada para escrever uma matéria de capa sobre uma excursão com empresários, ela ouve uma troca de gritos na cabine ao lado, no meio da madrugada, e, ao se debruçar sobre a varanda, vê um corpo caindo na água. O problema é que ninguém acredita nela, nem o anfitrião e milionário Richard Bullmer (Guy Pearce) ou até mesmo os outros passageiros, que alegam que ela deve estar sonhando, já que todos estão a bordo.
Com essa premissa básica, a adaptação do best-seller de Ruth Ware tem os ingredientes certos para criar uma atmosfera de paranoia constante. Entre eles, o egoísmo e a indiferença da elite, representada por Thomas Heatherley (David Morrissey), Heidi Heatherley (Hannah Waddingham) e Grace Phillips (Kaya Scodelario), que não disfarçam a pressa em confirmar que Laura está tendo devaneios apenas para poder aproveitar o luxo do momento o mais rápido possível.
Esse obstáculo não a impede em sua busca pela verdade, mesmo sendo continuamente desacreditada e colocando sua vida em risco. É um grande acerto a escolha de Keira Knightley para o papel principal. Sua atuação garante a verossimilhança esperada de uma jornalista obstinada na checagem e apuração dos fatos.
Contribui para esse clima sombrio e imprevisível o trabalho do compositor Benjamin Wallfisch, já experiente no gênero, como em O Homem Invisível (2020), cuja trilha alternava entre sutileza e ameaça. Desta vez, em A Mulher na Cabine 10, ele opta por um minimalismo instrumental que acompanha as sensações da protagonista e traduz em som o caos interno e crescente que ela vivencia.
Por outro lado, se o longa do diretor Simon Stone acerta em quase todos os pontos básicos de um bom suspense, o mesmo não pode ser dito sobre as revelações e reviravoltas do mistério. Para boa parte da audiência, acostumada a ver certos atores em papéis semelhantes, é fácil prever a direção que a história tomará. Essa previsibilidade reforça um clichê que enfraquece parte do enredo sem, contudo, comprometer o resultado final.
No fim, esse detalhe não chega a ser um grande demérito para A Mulher na Cabine 10. Com bom elenco e trilha eficiente, a produção entrega o que é esperado de um bom suspense e só por isso merece ser mais conhecida por um um público cada vez mais amplo.
Assista ao trailer de A Mulher na Cabine 10:
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