Tijolômetro – Make a Girl (2025)

Ruim!

A relação entre humanos e máquinas já foi explorada de diversas formas no cinema. Seja a interação entre mãe e filho em Robô Selvagem (2024) ou o envolvimento romântico de Ela (2013), essas obras buscam definir o que é o amor. Outra produção que tem o mesmo objetivo é Make a Girl, mas a maneira incoerente com que a animação japonesa tenta fazê-lo torna o resultado decepcionante. 

Com direção de Gensho Yasuda, o longa nos apresenta ao jovem prodígio da robótica Akira Mizutamari. Convencido de que seus fracassos como cientista chegarão ao fim, ele constrói Zero, a namorada perfeita. No entanto, à medida que a androide vai manifestando emoções, ela passa a se questionar se o amor que sente por seu criador é verdadeiro ou apenas uma programação. 

Começando pelo único ponto positivo de Make a Girl: a animação, que mistura elementos 2D e 3D, possui movimentos fluidos — especialmente nas cenas de ação — e cores vibrantes. A partir daí, constrói-se um cenário inicialmente promissor onde a sociedade depende da tecnologia e os robôs são ferramentas comuns. 

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Contudo, a forma de pensar e algumas decisões impulsivas do protagonista deixam o roteiro desconexo. Primeiro, uma mente brilhante acreditar que seu potencial será “desbloqueado” pelo simples fato de começar a namorar é um argumento ilógico. Segundo, Akira constrói uma namorada para que seus projetos envolvendo IA deem certo, mas a própria Zero é o sucesso que ele busca. Ela é uma máquina idêntica a uma humana, capaz de aprender e emular emoções, e isso é tratado por todos como algo corriqueiro. 

Por mais que nesse contexto existam as questões filosóficas sobre o que significa amor, não há evolução nos personagens, principalmente em Akira. Do início ao fim, ele continua sendo o mesmo rapaz apático e sem carisma. Isso torna difícil sentir alguma simpatia por ele ou até mesmo torcer pelo seu êxito. 

Além disso, o jovem cientista tem um passado misterioso com a mãe que vai sendo revelado aos poucos. Porém, esse relacionamento antigo é mal explorado e, em consequência, a interação do rapaz com as pessoas no presente também é confusa. Sem contar que há aspectos — tanto físicos quanto psicológicos — que permanecem sem explicação. 

O ponto mais problemático, entretanto, é o desfecho que destoa completamente de tudo o que vinha sendo construído. Há uma sequência de ação razoavelmente interessante, mas logo depois as coisas acontecem de forma apressada e sem o devido esclarecimento, reforçando a sensação de que nada faz sentido. 

Entre tantas produções que procuram uma definição sobre o que é o amor e como ele nasce, Make a Girl é um fracasso. Exceto pela animação competente, o filme não consegue responder às perguntas que propõe e confunde ainda mais ao fazer escolhas que não condizem com seus próprios personagens.

Assista ao trailer:

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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