Tijolômetro – A Longa Marcha (2025) 

Ótimo!

2025 já pode ser considerado o ano das adaptações de Stephen King. Somando-se os filmes e as séries, temos um total de cinco produções baseadas nas obras do mestre do terror. Uma das mais aguardadas, sem dúvidas, é A Longa Marcha, cujo livro foi publicado originalmente em 1979 sob o pseudônimo Richard Bachman. Através de ajustes pontuais — como a atualização do tempo e a redução da quantidade de personagens — o diretor Francis Lawrence traz para as telonas, de maneira hábil, uma trama chocante pela simplicidade brutal. 

A história se passa em um futuro distópico onde o governo dos Estados Unidos se tornou um regime autoritário. Anualmente, 50 rapazes são selecionados para participar de uma competição mortal conhecida como A Longa Marcha transmitida para todo o país. As regras são simples: caminhe, não diminua a velocidade e não pare por nada, do contrário receberá uma advertência. Após três avisos, você morre. Ray Garraty (Cooper Hoffman) decide entrar na disputa deste ano em busca do prêmio dado ao último que permanecer andando: realizar um único pedido. 

A premissa do filme é bem simples: pessoas caminhando do início ao fim. Isso pode parecer monótono, mas conforme as horas de caminhada vão passando, percebemos o verdadeiro desafio. Não poder parar para descansar nem por alguns segundos, nem mesmo para fazer suas necessidades, vai se mostrando mais doloroso a cada instante. Sem contar a exaustão física, também há o desgaste psicológico constante de ver seus companheiros morrendo de maneira cruel. 

O diretor Francis Lawrence tem bastante experiência em retratar jogos de sobrevivência, já que ele comandou os quatro últimos filmes de Jogos Vorazes. Mas esse não é o único ponto em comum entre A Longa Marcha e a franquia criada por Suzanne Collins. Nas duas obras, o país foi assolado pela guerra e tenta contornar o colapso econômico transformando a morte de jovens em entretenimento para as massas. 

Contudo, na adaptação de King o roteiro limita-se a apresentar a competição como um caso pontual dentro da ditadura que o governo se tornou. Isso fica evidente na figura quase caricata do General interpretado por Mark Hamill (que também é destaque em A Vida de Chuck), o qual enxerga a Marcha como um ato patriótico. Mesmo assim, não temos o quadro geral do restante dos EUA nem a situação dos outros países. Somente poucas cenas e diálogos dão pistas sobre a censura imposta aos cidadãos, sem mostrar a origem desse regime. 

De qualquer forma, essas omissões não comprometem o desenvolvimento da película, que se destaca pela química criada entre os personagens. Além de Ray, quem também chama a atenção é Peter McVries (David Jonsson). A amizade quase instantânea dos dois é o que move boa parte da narrativa, promove as discussões mais profundas e mostra diferentes visões de mundo. 

Desde o início dessa dinâmica, fica previsível quem são os protagonistas que permanecerão vivos até a conclusão da Marcha. Porém, mais importante que saber quem morre, é saber como acontecerá e como isso será recebido, tanto pela vítima quanto pelas pessoas ao redor. Nesse processo, a tensão psicológica é levada ao extremo, chegando ao ponto de inverter alguns valores das figuras envolvidas. 

Partindo de uma motivação básica que não se torna cansativa (com o perdão do trocadilho), A Longa Marcha evolui para algo visceral onde sobreviver se torna o único desejo possível. Depois de algumas adaptações frustrantes em anos anteriores, é um alívio constatar que em 2025 a obra de Stephen King fica com saldo positivo ao ser contada em outros formatos.

Assista ao trailer:

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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