Dirigida novamente por Francis Lawrence (com quem já trabalhou em Jogos Vorazes), Jennifer Lawrence prometia o filme mais adulto de sua carreira em Operação Red Sparrow, longa que adapta o romance escrito em 2013 por Jason Matthews, um ex-agente da Agência Central de Inteligência. Porém entre cenas de nudez, sexo e violência sem sal, a produção se perde entre clichês e estereótipos da Guerra Fria e superficialidade em sua protagonista.

O roteiro de Justin Haythe tenta explorar a ideia mítica do sistema de espionagem russo, onde existem escolas para o treinamento militarizado soviético de tal função, especializada em manipulação através da sensualidade, as Sparrows. A ideia, apesar de “romântica”, mostra-se bastante superficial. Em todo longa não somos envolvidos por esta ideia devido ao filme não conseguir transparecer veracidade em tal sedução. As cenas são frias e constrangedoras, apesar de ter cenas de nudez e algumas simulações bem bizarras de sexo. Em nenhum momento somos levados a crer que isso é uma arma potente nesse mundo da espionagem.

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Ambientado nos dias de hoje, Operação Red Sparrow em seu contexto parece estar sendo rodado em plena década de 80. Não há uma mínima construção narrativa para que possamos comprar a ideia de que hoje ainda exista este tipo de espionagem (hoje em dia a espionagem digital é a realidade). Em certo momento parece até uma gafe do filme ao vermos que usam disquetes para armazenagem de dados interceptados. Mas nenhuma gafe é maior que o próprio sotaque simulado russo dos atores americanos, particularmente o da Jennifer Lawrence estava não só exagerado como sofrível, tirando um pouco da minha atenção ao filme.

O governo russo representado em Operação Red Sparrow parece com daqueles filmes clichês da década de 80, em alguns momentos parecia que estávamos no filme Inferno Vermelho de 1988 com Schwarzenegger. Repartições grandiosas, frieza, e funcionários no estilo “A Mãe Rússia Chama” nutridos com muita vodka, torturas e “seu corpo pertence ao Estado”. Fica até meio constrangedor quando, de repente, reparamos que esse filme se passa nos dias atuais ao vermos um celular aqui ou ali. Mas o pior é a venda da ideia de que os americanos são mais humanos do que os russos neste longa, “nós temos uma linha que não cruzamos”… espero que Edward Snowden não assista esse filme. 

Porém o mais fraco do filme é a construção da personagem Dominika (Jennifer Lawrence). Uma bailarina que perde seu papel na peça do ballet devido a um incidente e não vê mais nenhuma alternativa financeira além de um trabalho sujo com o seu tio do serviço secreto? Isso já foi algo difícil de engolir no longa, mas torna-se pequeno ao visualizarmos que toda a construção de Dominika é bastante rasa (além de parecer algo tirado dos quadrinhos da Viúva Negra). A sua conexão com a mãe é algo superficial demais para validar algumas de suas supostas difíceis escolhas durante o filme. Assim como sua transformação de uma mulher comum em uma Sparrow (uma máquina de sedução e manipulação). Seu “romance/interesse” no agente Nate Nash (Joel Edgerton). Tudo é simples e superficial demais, deixando de envolver o espectador em suas tramoias secretas.

Seja na sensualidade ou na trama, Operação Red Sparrow falha duplamente em sua proposta. Tornando-se apenas naquele filme em que Jennifer Lawrence fez sua primeira cena de nudez. Isso parece até irônico num filme que apostava na imagem de uma espiã além de sua sensualidade.

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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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