A animação em questão é (de certa forma) uma continuação de “Liga da Justiça VS Jovens Titãs” que saiu ano passado, focando na entrada do novo Robin no grupo e o passado de Ravena. Podemos dizer que grande parte das animações recentes da DC cria um mesmo universo que por sua vez é baseado nos Novos 52. O objetivo desta animação é adaptar a saga “Contrato de Judas” que é considerada a mais importante do grupo durante a fase de George Pérez e Marv Wolfman (que falamos aqui).

A primeira cena que temos é a chegada de Estelar ao nosso planeta e como ela adentrou para os Titãs. A cena é interessante e possui uma lógica com o resto da trama, já que boa parte da animação trabalha o relacionamento de Asa Noturna e Estelar, mas, por outro lado, fica levemente avulsa com o resto do filme, principalmente porque vemos uma equipe totalmente diferente nessa primeira cena. No presente, os personagens regulares que ficaram até o final da animação são Mutano, Besouro Azul, Ravena, Estelar, Robin, Asa Noturna e Terra.

O grande problema desse filme é justamente Terra. O filme foca muito na personagem, praticamente tornando a protagonista, mas sua personalidade é insuportável. É o arquétipo de adolescente mimada, traumatizada e cheia de tiradas sarcásticas que a torna repetitiva e desinteressante. Isso é um problema grave, pois é muito importante que exista uma mínima conexão por ela, já que a mesma toma a maior parte do tempo de tela.

Os outros personagens do grupo são bem mais interessantes. Besouro Azul tem sua pequena trama paralela, que é bastante fácil de se conectar, mas sem muito espaço. Mutano e Ravena são os mesmos comparados ao último filme e o relacionamento entre Asa Noturna e Estelar é cativante. Robin já cumpre o papel (desde a última animação) de adolescente problemático e anti-social, fazendo Terra redundante e descaradamente mais mal escrita do que ele.

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O vilão principal da história é o Exterminador, assim como na HQ original, e é bastante eficiente em seu papel. O plano geral que leva aos conflitos não é dos melhores. Um clichê padrão dos quadrinhos e alguns outros vilões secundários menos interessantes. O que realmente salva são os integrantes dos Titãs com suas personalidades marcantes e relações pessoais verdadeiras.

As lutas são razoáveis, mas em alguns momentos comuns, de conversa e interação entre os personagens, vemos claramente uma animação de baixa qualidade e feita às pressas. Um exemplo: quando Terra briga com o grupo e sai andando, sua movimentação parece como se ela estivesse sendo arrastada pelo mouse. Isso é um absurdo já que a DC tem um longuíssimo histórico de animações.

O melhor momento do filme é a participação de Kevin Smith, mas somente para aqueles que já são seus fãs. Os que não são simplesmente passaram por ele de forma despercebida. O bom é que a forma como ele foi encaixado na trama foi simples, porém muito bem pensada, criando uma espécie de metalinguagem divertida.

O saldo final não é dos melhores. A animação seriada dos Jovens Titãs também adaptou essa saga e foi muito mais bem sucedida, mesmo com menos tempo. Comparada a última animação dos Titãs essa é de qualidade inferior por mais que continue com o legado e tenha grande parte dos mesmos personagens.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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