Em filmes de monstros gigantes, sendo mais específico, no maior deles que é Godzilla de 1954 (que você pode saber mais aqui), temos a figura monstruosa sendo usada como um indicador de um problema vivenciado na época de sua filmagem, uma alusão à explosão nuclear ocorrida no Japão. Colossal diminui a escala do problema que quer chamar atenção, afinal não é sobre os problemas da utilização de tecnologia nuclear, mas, da mesma forma que o clássico filme citado, utiliza-se da figura de um monstro gigante pra deixar de forma mais lúdica problemas que deseja apontar.

Glória (Anne Hathaway) após ficar desempregada e terminar o seu namoro, encontra-se sem lugar onde morar em Nova York, decidindo assim voltar para a cidade onde cresceu. Nossa protagonista tem problemas com alcoolismo, mas por ironia do destino consegue um emprego num bar que agora pertence a um antigo amigo de infância, Oscar (Jason Sudeikis). Paralelo a essa mudança de vida, um monstro colossal passa a caminhar por Seul, Coréia do Sul. Glória, por motivos claros a ela, começa a acreditar que possui algum tipo de ligação com o monstro.

Colossal é um filme extremamente bem humorado, possui personagens muito bons que conseguem tirar boas risadas do público. Possui sua critica sobre relações abusivas e a necessidade de acharmos um problema no nosso colega para evitarmos olhar algo que está ruim em nós, o famoso mecanismo psicológico da Projeção. Mas mesmo tratando de assuntos sérios em nenhum momento perdeu o bom humor. Sua despretensiosidade conquista o espectador: diminuir a escala de um clichê no cinema, como são os monstros gigantes, e relatar um problema cotidiano possui um ótimo charme. Existe apenas um personagem que fica deslocado do longa, não que ele seja muito importante para o desenrolar da história, mas o roteiro apresenta um mistério sobre sua personalidade e esquece de nos dizer o motivo do comportamento abobado do personagem.

A direção e o roteiro são por conta do espanhol Nacho Vigalondo, que entrega um roteiro muito interessante e um trabalho de direção tão bom quanto. Em um filme que possui uma dose alta de humor, mas que não necessariamente se trata de uma comédia, o tempo de humor é importantíssimo, Vigalondo entrega isto com competência. Suas cenas com a criatura são boas, explora bem o trabalho das perspectivas de tamanho e consegue criar, por mais que de uma forma bem rasa, uma atmosfera de filmes de monstro.

Publicidade

Sem dúvida Colossal é um filme que merece ser visto, é muito divertido, possui uma mensagem importante e conta com um ótimo elenco. Os filmes das criaturas japonesas gigantes estão voltando ao mercado como filmes de ação, ver um gênero sendo subvertido e achando graça de si é sempre uma experiência bacana. Dá pra notar que foi um filme bem pensado e que busca homenagear o que realmente  marcou a sétima arte.

Publicidade
Share.
Exit mobile version