Re: Zero – Starting Life in Another World (1ª e 2ª Temporada) | Crítica

“A partir de agora, cada morte será a minha força.”

Com essa frase impactante, Re: Zero – Starting Life in Another World nos convida a mergulhar em uma história intrigante e complexa, onde a morte se torna um ponto de partida para uma jornada de autoconhecimento e redenção. Lançado em 2016, o anime, com duas temporadas de 25 episódios cada, adapta os primeiros nove volumes da light novel de mesmo nome, escrita por Tappei Nagatsuki e ilustrada por Shinichirou Otsuka. O sucesso da obra original, com mais de 30 milhões de cópias vendidas no Japão, garantiu a adaptação para anime pelo estúdio White Fox, conhecido por animações como Akame Ga Kill e Goblin Slayer. Neste texto farei um apanhado das duas temporadas já que as assisti em sequencia.

A história de Re: Zero gira em torno de Natsuki Subaru, um jovem otaku que, após um misterioso portal, se encontra em um mundo de fantasia medieval. Lá, ele descobre a capacidade de retornar ao passado após a morte, um poder que o força a reviver eventos trágicos e enfrentar consequências dolorosas. Com cada morte, Subaru aprende mais sobre o mundo e as pessoas ao seu redor, mas a dor e o sofrimento o levam a questionar sua própria sanidade e o valor da vida.

Re: Zero se destaca pela boa animação, com cenários vibrantes e efeitos visuais competentes. A trilha sonora também é boa, com músicas que combinam perfeitamente com a atmosfera do anime, seja em momentos de suspense, ação ou drama. O anime se constrói ao redor de mistérios intrigantes que prendem o espectador. Entre eles, destaco a identidade da Bruxa da Avareza, a origem dos poderes de Subaru, o passado de Emilia e o verdadeiro significado do “Retorno da Morte“. A cada episódio, novas pistas são reveladas, aumentando a expectativa e a curiosidade do público.

O Retorno da Morte: Uma Benção ou Maldição?

É interessante perceber que o poder de retornar após a morte, inicialmente visto como uma benção, se torna um fardo pesado para Subaru. Cada morte o força a reviver momentos dolorosos, a lidar com a perda de pessoas queridas e a questionar suas próprias ações. A dor e o sofrimento o levam a desvalorizar a própria vida, criando um ciclo de autodestruição que o anime se propõe a desconstruir através de diversas tentativas, erros e acertos do protagonista.

Subaru é um personagem ambíguo que gera sentimentos mistos no espectador. Sua dualidade entre um herói altruísta e um indivíduo egoísta e impulsivo pode ser frustrante em alguns momentos. Suas decisões erradas, chiliques barulhentos e busca incessante por aprovação feminina, além da repetição de eventos e a frustração constante de Subaru podem tornar o anime cansativo em alguns momentos. A insistência em “corrigir” o destino de todos, mesmo após diversas tentativas falhas, gera um ciclo repetitivo que testa a paciência do espectador. Com o passar dos episódios pode criar uma sensação de que cada passo dado por Subaru já era esperado, como parte de um plano grandioso orquestrado por uma entidade desconhecida, e com duas temporadas pouco foi revelado sobre isso. Isto pode tornar a trama previsível e diminui o impacto das reviravoltas.

Re: Zero apresenta um elenco de personagens diversificados e, alguns deles, um tanto complexos, com suas motivações, traumas e segredos. No entanto, alguns personagens, como Emilia, podem parecer menos carismáticos do que outros. A falta de desenvolvimento de interesse com alguns personagens que têm muito tempo de tela (como na parte do santuário) e a repetição de clichês de animes isekai são pontos negativos para alguns espectadores.

A ideia de um “destino inevitável” pode ser interpretada como uma crítica ao livre arbítrio e à capacidade de Subaru de alterar o curso da história, mas também corre o risco de soar como uma mera desculpa para a repetição de eventos e a falta de consequências reais para as ações do protagonista. Em alguns momentos, o anime parece esquecer que se trata de um isekai, com Subaru raramente fazendo referência à sua vida anterior. A falta de questionamentos sobre o motivo de sua invocação nesse mundo de fantasia também é um ponto que poderia ter sido melhor explorado.

Mistérios Revelados e Expectativas Frustadas

A promessa de desvendar os mistérios que envolvem o mundo de Re: Zero é um dos principais atrativos do anime. No entanto, a revelação gradual das respostas, em especial dos poucos mistérios revelados nas duas primeiras temporadas, pode deixar o espectador com a sensação de que as expectativas não foram atendidas. A origem dos poderes de Subaru, a identidade da Bruxa da Avareza e o objetivo do Culto da Bruxa são apenas alguns dos mistérios que ainda não foram completamente apresentados, quiçá solucionados.

Re: Zero recebeu uma recepção positiva da crítica e do público, com elogios à animação, à trilha sonora, aos personagens e à história. No entanto, a repetição de clichês e a frustração com as expectativas não atendidas em relação aos mistérios são pontos negativos que pesam, além do fato Subaru ser um protagonista difícil de se afeiçoar.

Com a confirmação da terceira temporada para outubro de 2024, a expectativa é que Re: Zero comece a responder os mistérios que tanto intrigam o público e aprofunde o desenvolvimento dos personagens. Aguardemos!