Tijolômetro – Animais Perigosos (2025)
Os tubarões já foram retratados de diversas maneiras no cinema, desde as mais assustadoras até as mais bizarras e cômicas. No ano em que o clássico de Steven Spielberg completa 50 anos, outro filme tenta estabelecer sua própria concepção sobre essas criaturas. Animais Perigosos traz uma abordagem diferente para os predadores do mar, porém recai em clichês e dinâmicas redundantes que enfraquecem a premissa.
No longa, Zephyr (Hassie Harrison) é uma jovem surfista que não possui laços duradouros com outras pessoas. Numa noite, ela cruza o caminho de Tucker (Jai Courtney), um serial killer com um modus operandi peculiar: ele sequestra suas vítimas e as oferece como alimento para tubarões enquanto registra tudo em vídeo. Desesperada, Zephyr luta contra o tempo para encontrar uma forma de escapar das presas do assassino.
O que coloca Animais Perigosos em uma categoria diferente dentro das produções sobre tubarões é mostrar esses seres apenas como ferramentas nas mãos de alguém desequilibrado. Ou seja, o comportamento deles fica dentro do esperado para feras selvagens. Tucker é o verdadeiro agente por trás das mortes e a fonte de imprevisibilidade dentro da história, pois sua mente deturpada torna suas atitudes uma surpresa para o público e para os demais personagens.
Nesse ponto, a atuação de Jai Courtney é a única bem trabalhada no elenco. Ele consegue transparecer toda a instabilidade emocional do protagonista tanto nas falas quanto no gestual e se torna de fato ameaçador. Por outro lado, Hassie Harrison deixa a desejar, principalmente nos momentos de maior tensão. Já Josh Heuston interpreta um interesse amoroso forçado e totalmente dispensável para o desenrolar da trama.
Se por um lado a ideia original de Animais Perigosos chama atenção pela inovação no uso dos tubarões, a execução se sustenta nos velhos clichês da “lei da selva” e enfraquece o tema. Através de metáforas constantes relacionadas ao mundo animal, o roteiro tenta pautar a relação de Tucker e Zephyr como a de um predador e sua presa. Os diálogos que servem para reforçar essa interação só a tornam mais maçante como “você é uma cobra coral falsa; eu sou a verdadeira”, entre outras analogias.
No terço final, a dinâmica de “gato e rato” entre os protagonistas perde o caráter imprevisível e começa a ficar repetitiva, desperdiçando a oportunidade de encerrar com um acontecimento chocante ou controverso. Na verdade, a conclusão é abrupta, como se o diretor Sean Byrne não soubesse como terminar o filme.
Os amantes de tubarões até podem gostar de Animais Perigosos, mas a sensação de potencial jogado fora é evidente. Nem mesmo o uso diferenciado das feras do mar ou a atuação marcante de Jai Courtney conseguem salvar o longa de se afogar na praia do esquecimento.
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