O mundo nunca foi um lugar fácil para as mulheres na ciência. Não é toa que chega a ser um desafio lembrar quantas cientistas somos capazes de colocar o nome em uma lista, por exemplo. Com essa questão em mente se torna instigante conhecer a história da protagonista de Uma Questão de Química e todos os percalços que encontra em seu caminho.

Adaptação do best-seller homônimo de Bonnie Garmmus, Uma Questão de Química nos apresenta a história de Elizabeth Zott (Brie Larson, de As Marvels), uma química brilhante que enfrenta os desafios impostos por uma sociedade dominada pelos homens. Silenciada e sabotada, ela luta para se afirmar em um mundo que insiste em subestimá-la. Após ser demitida de seu emprego em um laboratório, ela embarca em uma jornada inesperada como apresentadora de um programa de culinária totalmente inspirado por sua maior paixão, a química.

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Tendo um roteiro ágil e dinâmico, Uma Questão de Química avança de forma segura no desenvolvimento da trama sem perder tempo em cada um de seus 8 episódios. Com um cuidado bem estruturado da narrativa, a história mostra as alterações na vida pessoal e profissional de Elizabeth.  Além disso, o texto constrói com eficiência um processo de empatia no qual entendemos bem certos aspectos da vida dela. Contribui para isso uma excelente atuação de sua protagonista que se comunica com firmeza na voz e postura assim como expressa de forma muito genuína suas reações diante de diferentes acontecimentos bons e ruins.

A qualidade de intepretação e roteiro de Uma Questão de Química tem um peso maior quando a série revela um trauma responsável por afetar tanto física como emocionalmente a protagonista. Um momento que, vale dizer, recebe o devido alerta antes da exibição por se tratar de um conteúdo sensível. Há também uma orientação para quem precisar procurar ajuda, um detalhe importante feito de forma responsável por parte da produção. Sobre a cena em si, fica só o comentário de como a mesma causa incômodo e traz ao público a sensação de inquietação diante do momento.

Além disso, outros obstáculos são colocados na vida de Elizabeth, principalmente quando inicia sua vida como apresentadora de TV. Em CH3COOH (S1E5), temos um foco maior nos problemas que é fazer parte desse meio. O episódio trata as diferenças de pensamento dela, que constrói sua comunicação pensando nas mulheres, enquanto o produtor executivo Phil Lebensmal (Rainn Wilson) quer satisfazer patrocinadores e principalmente o público masculino, tanto visualmente como também conceitualmente quando o assunto é preservar ideias machistas. Nesse embate entre ambos Uma Questão de Química mostra como tratar de forma sutil e criativa questões como comunicação de massa e até posicionamento de gênero.

Por outro lado, a série decepciona quando aborda a temática do racismo. Por ser um assunto extremante relevante e necessário fica a necessidade de mais tempo de tela para ser aprofundado. A subtrama envolvendo Harriet Sloane (Aja Naomi King), sua família e até a problemática de protestos sobre questões que afetam a comunidade negra de seu bairro aparecem apenas pontualmente em Uma Questão de Química. Em certos momentos, fica até a sensação de que o roteiro esquece disso para só retomar nos 45 minutos do segundo tempo.

Apesar disso, Uma Questão de Química tem um resultado final satisfatório. Entrega uma história inspiradora, bem contada e interessante sobre uma personagem corajosa que merece servir de exemplo para outras mulheres que, assim como ela, sonham em fazer parte do mundo cientifico. E essa mensagem de força e superação fica ainda mais clara quando sua protagonista ressalta o fato da coragem ser a raiz da mudança e que isso é algo que quimicamente fomos projetados para fazer.

Assista ao trailer:

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Uma Questão de Química

8.0 Muito bom!
  • Nota 8
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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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