Sequências tardias de filmes consagrados causam certa desconfiança nos fãs devido ao receio de que a memória da obra original seja manchada. Porém, é incrível quando vemos uma nova produção que, além de honrar suas raízes, consegue atingir um novo patamar de qualidade sem perder a essência. Esse é justamente o caso de Top Gun: Maverick, que chega aos cinemas 36 anos depois do primeiro filme.

Neste longa, reencontramos o (ainda) capitão Maverick (Tom Cruise) atuando como piloto de testes da marinha norte-americana. Devido ao seu reconhecimento e às qualificações em combate, ele é chamado de volta à Top Gun para preparar uma equipe para uma missão cujas chances de sucesso são muito pequenas. Dentre os jovens pilotos, está Bradley “Rooster” Bradshaw (Miles Teller), com quem Maverick tem uma relação conturbada desde o falecimento de Goose (Anthony Edwards), pai de Rooster e antigo parceiro de Mav.

Mesmo depois de 30 anos na marinha, percebemos que Maverick não perdeu sua ousadia e autoconfiança. Contudo, o que antes era considerado irresponsabilidade e arrogância, agora se tornou preocupação com seus companheiros. Ainda assim, ele continua com dificuldades para seguir regras e se manter dentro dos limites, o que justifica sua permanência na patente de capitão após tantos anos de serviço.

Essa mesma ousadia também é o combustível que alimenta o choque de gerações que vemos no filme. Ainda que os jovens sejam a nova elite de pilotos, precisam aprender muito com a experiência (e também coragem) de Maverick, o que acaba gerando alguns conflitos, até mesmo com os oficiais superiores que não aprovam os métodos do novo instrutor.

Mas o relacionamento com maior carga dramática é de Mav com Rooster e vamos compreendendo o motivo aos poucos. Parando para analisar, os dois têm muito em comum: ambos escolheram trilhar o mesmo caminho de seus pais com a diferença de que agiram de formas diferentes. Enquanto Maverick era imprudente e irresponsável quando novo, Rooster segue o caminho oposto, sendo cuidadoso até demais.

Dentre os acertos de Top Gun: Maverick, o maior deles é ser uma boa sequência sem se sustentar totalmente no filme anterior, pois quem não assistiu à obra de 1986 não terá dificuldades para acompanhar o desenvolvimento deste novo longa. Mas é óbvio que assistir a Top Gun: Ases Indomáveis antes vai tornar a experiência muito melhor, tanto para compreender o protagonista, quanto para se envolver com as referências e a atmosfera nostálgica, a qual se destaca em diversos momentos, inclusive na abertura que é muito semelhante à da película anterior.

Entretanto, se Top Gun 1 deu ênfase no romance, agora não há tanta intensidade. O interesse amoroso de Maverick dessa vez fica por conta de Penny Benjamin (Jennifer Connelly), com quem Mav já teve um relacionamento de altos e baixos no passado. Penny até foi mencionada como “a filha do almirante” em um diálogo no primeiro filme, mas tão rapidamente que é difícil lembrar disso. Por isso, por mais que haja química entre os personagens, a construção da relação não é tão envolvente quanto foi com Charllote (Kelly McGillis), a qual sequer é lembrada. Nem mesmo houve acompanhamento de uma trilha sonora tão marcante quanto Take My Breath Away, já que a canção de Hold My Hand, interpretada por Lady Gaga, só toca no final.

Entre o lado dramático e o romântico, o que se sobressai é a ação. Se lá nos anos 80 já haviam criado batalhas de caças emocionantes, agora as cenas atingem o nível de tirar o fôlego. E o fato de saber que foram filmadas com voos reais só deixa tudo melhor. Nesse ponto, o avanço da tecnologia foi uma aliada poderosa para deixar tudo ainda mais realista e dinâmico, com uma qualidade de imagem superior que faz toda a diferença.

Top Gun: Maverick merece todos os elogios que vem recebendo pois, muito além de um filme de ação, é uma obra sobre superação, lealdade e sacrifícios. Para quem já era fã do primeiro filme, esta é uma celebração nostálgica e respeitosa e, para quem está vendo a elite de pilotos pela primeira vez, é uma experiência fascinante e memorável.

Assista ao trailer:

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Top Gun: Maverick

9.0 Ótimo!
  • Nota 9
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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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