Tijolômetro – Bottoms (2023):

Muito bom

Antes mesmo de estrear no Brasil, o filme Bottoms (2023) já estava sendo muito comentado graças às avaliações positivas que vinha recebendo, tanto que ganhou um título provisório bem peculiar por aqui: Passivonas. E mesmo que tenha chegado ao Prime Video com o nome nada criativo de Clube da Luta para Meninas, ficou bem claro por que a produção está agradando e divertindo tanto.

Seguindo a linha das comédias colegiais, a trama escrita e dirigida por Emma Seligman nos apresenta as amigas PJ (Rachel Sennott, que também trabalha no roteiro e na produção do longa) e Josie (Ayo Edebiri). Pelo fato de não serem nada populares no ensino médio, elas decidem criar um clube da luta para impressionar e conquistar as líderes de torcida, mesmo sem nunca terem entrado em uma briga em suas vidas. A partir daí, a situação começa a seguir caminhos improváveis, hilários e dramáticos.

Bottoms deixa bem explícita sua inspiração nos clássicos besteiróis que fizeram sucesso no início dos anos 2000, deixando um gostinho de nostalgia para o público, inclusive na trilha sonora. Enquanto assistimos, podemos ver semelhanças com filmes famosos como American Pie (1999), Não É Mais Um Besteirol Americano (2001) e Superbad (2007). Isso significa um roteiro cheio de piadas ácidas, sarcasmo e recheado de palavrões.

É basicamente mais do mesmo, só que diferente. A dupla de protagonistas fracassados continua com as amigas PJ e Josie. O objetivo inicial de conquistar garotas e perder a virgindade também se mantém igual. Todas as situações são familiares, mas com alguma coisa diferente trazida para a atualidade, começando com a inversão de papéis e o destaque para figuras que, até então, ficavam em segundo plano nas produções do gênero.

PJ e Josie não são fracassadas por serem garotas lésbicas, mas sim por serem “garotas lésbicas sem talento”, como elas próprias afirmam. Mesmo assim não há vitimismo ou “lacração”, como gostam de dizer por aí. O que vemos são personagens novos fazendo coisas que já vimos (e até fizemos, se bobear) para alcançar algum resultado e se metendo em um monte de confusões pelo caminho. Por isso é bom avisar que Bottoms não deve ser levado muito a sério. Seu intuito é fazer rir enquanto mostra cenas que beiram o absurdo e o exagero, extrapolando coisas que experimentamos ou testemunhamos, principalmente durante a adolescência.

Mas nem por isso o filme deixa de ter seu lado dramático e violento, seja nos dilemas pessoais dos personagens ou então nas cenas de brigas. O roteiro procura dosar o tom sério nos momentos certos, ainda que precise sacrificar a profundidade de alguns temas para não destoar do que vem sendo apresentado. É nessa hora que percebemos semelhanças narrativas com O Clube dos Cinco e com Clube da Luta, sendo este último a referência mais óbvia da produção.

Independente de ser chamado de Bottoms, Passivonas ou Clube da Luta para Meninas, o fato é que essa comédia resgata o espírito das produções escolares com um toque de nostalgia. E mesmo nos levando para lugares que já conhecemos, conseguimos nos divertir e observar os acontecimentos sob outros pontos de vista.

Assista ao trailer:

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Leia a crítica de O Clube dos Cinco

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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