Tijolômetro – As Marvels (2023):

Bom

Divertido e descompromissado, As Marvels abre mais um capítulo na Fase 5 do Universo Cinematográfico da Marvel. Com uma trama mais episódica do que grandiosa, o filme cumpre com êxito a função de entreter o público mesmo sem ter grande importância para A Saga do Multiverso e conexões fortes com o UCM.

Em As Marvels, vemos Carol Danvers/Capitã Marvel (Brie Larson) com a sua nova vida após recuperar sua identidade da tirania dos Kree e se vingar da Inteligência Suprema. No entanto, consequências não intencionais disso fazem com que ela assuma o fardo de um universo desestabilizado. Quando suas obrigações levam ela até uma fenda espacial anômala, seus poderes se entrelaçam aos de Kamala Khan (Iman Vellani), sua super fã conhecida como Ms. Marvel, e aos de sua “sobrinha” e atual astronauta da S.A.B.E.R., a Capitã Monica Rambeau (Teyonah Parris).

Em primeiro lugar, para aproveitar melhor a experiência desse filme é preciso saber que não há uma necessidade tão urgente de ter assistido a Wandavision (2021) e Miss Marvel (2022), minisséries que apresentaram as personagens de Monica Rambeau e Kamala Khan. O próprio roteiro escrito por Nia DaCosta, Megan McDonnell e Elissa Karasik se encarrega de contextualizar o público com o necessário através de diálogos expositivos a respeito de cada uma delas. No entanto, isso não descarta o fato de quem tiver assistido a essas produções ter um aproveitamento mais completo de As Marvels. Nesse caso, existe uma possibilidade maior de conexão com essas super-heroínas, principalmente por causa da Ms. Marvel que inclusive fica bem mais interessante nessa produção do que em sua aventura solo.

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Ainda sobre a questão de conexões com o UCM, é importante mencionar como não há nada na trama que se relacione diretamente com os eventos ocorridos em Invasão Secreta, série que encerrou recentemente no Disney + cuja trama era uma continuação direita de Capitã Marvel.

Apesar desses detalhes negativos, não se pode deixar de lado o quanto o filme aproveita bem o trio das super-heroínas. Ao invés de focar muito tempo nos problemas pessoais entre algumas delas, como é o caso das questões entre Mônica e Carol, o roteiro não esquece da urgência da situação que forçou elas a se unirem para deter a ameaça de Dar‑Benn (Zawe Ashton). Isso fica bem nítido quando nos minutos iniciais de As Marvels temos várias sequências bem interessantes de ação com elas tendo que lutar contra vários Krees enquanto lidam com o que podemos chamar de trocas espaciais. É que por conta do entrelaçamento cada uma delas troca de lugar quando usa os poderes ao mesmo tempo. Vale lembrar que essa ideia adapta um conceito dos quadrinhos do Capitão Marvel original, mais especificamente de um período na década de 1960 quando o herói Mar-Vell trocava de lugar com o humano Rick Jones utilizando artefatos cósmicos conhecidos como Nega-Bands.  

Outra adaptação dos quadrinhos para As Marvels é a vilã. Além de ser mal desenvolvida pelo roteiro, a personagem não traz nada de novo para a galeria de vilões já apresentados no UCM até o momento. Pelo contrário, ela parece na verdade uma versão feminina de Ronan (Lee Pace), vilão de Guardiões da Galáxia Vol. 1. Por ser algo repetitivo, torna-se esquecível rapidamente mesmo tendo em alguns momentos resquícios de algo que poderia torná-la mais interessante caso o roteiro tentasse discutir através dela assuntos que se relacionam de certo modo com o mundo real como guerras e questões ambientais.

Nesse ponto, deve-se observar que caso o filme seguisse por um caminho mais sério e sombrio perderia a sua maior qualidade: o humor. De forma eficiente, as piadas funcionam e não parecem forçadas na trama como muitas vezes acontece na maioria das produções Marvel Studios. Conseguimos rir com facilidade do comportamento de cada umas das personagens interagindo entre si, assim como nos momentos individuais sendo os melhores deles protagonizadas por Kamala. Sobre a jovem heroína, vale destacar como sua presença na trama traz uma leveza bem-vinda e contribui para que olhemos para Carol e Mônica com outros olhos, um detalhe que faz diferença nos momentos em que precisamos sentir o peso de cenas mais dramáticas.

Com tudo isso em vista, As Marvels é um filme que vale basicamente pela diversão e apenas por isso. Cumpre a função de entreter com eficiência, principalmente na ação e no humor, além de não se preocupar em ter conexões com séries e filmes recentes do UCM, como era padrão em outras fases, algo que nesse caso não chega a ser exatamente um demérito. Já em relação ao futuro, fica o aviso que há como sempre duas cenas pós-créditos, sendo a primeira uma brincadeira que faz referência ao primeiro Homem de Ferro e que talvez flerte com um possível projeto enquanto a outra traz uma participação especial inesperada.

Assista ao trailer de As Marvels:

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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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