Tijolômetro – Mamonas Assassinas: O Filme (2023)

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O cinema nacional encontrou uma fonte de inspiração nas cinebiografias, investindo cada vez mais nesse gênero. Aproveitar esse momento para recontar nas telonas a trajetória de uma das bandas mais icônicas dos anos 90 seria uma aposta certeira, mas apesar de atingir em cheio na nostalgia, Mamonas Assassinas – O Filme peca em alguns aspectos que tornam a experiência frustrante.

O longa dirigido por Edson Spinello conta como surgiu a banda de rock que dominou o Brasil entre os anos de 1995 e 96 e teve um fim precoce após um acidente aéreo que vitimou todos os integrantes. Assim, acompanhamos Dinho (Ruy Brissac), Júlio (Robson Lima), Samuel (Adriano Tunes), Sérgio (Rhener Freitas) e Bento (Alberto Hinoto) fazendo de tudo para se destacarem no meio artístico até se tornarem um fenômeno no país inteiro.

É certo que quem cresceu ouvindo Mamonas Assassinas será pego pela nostalgia em diversos momentos da produção e irá cantar junto os grandes sucessos do grupo. Além disso, os perrengues que os rapazes de Guarulhos precisam enfrentar antes de alcançarem a fama rendem episódios divertidos e inusitados que mostram por que eles se tornaram tão diferenciados em sua carreira.

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Quem se destaca dentre os membros da banda é o vocalista Dinho, cuja boa interpretação de Ruy Brissac imprime o carisma e a alma do filme. Os irmãos Sérgio e Samuel, respectivamente o baixista e o baterista, são o foco em poucas cenas. Já o tecladista Júlio e o guitarrista Bento são coadjuvantes dentro da própria história, ficando em segundo plano. Afora os cinco protagonistas, vale mencionar Enrico Costa (Ton Prado) – versão fictícia do empresário musical Rick Bonadio – que foi quem reconheceu e apostou no talento dos Mamonas e direcionou o som do grupo para o humor irreverente que conhecemos.

Apesar dos acertos, Mamonas Assassinas – O Filme sofre de um problema grave na sua edição e montagem, com cortes de cena repentinos e soluções de conflitos tão apressadas que deixam o espectador sem entender muito bem como os personagens passam de um ponto a outro de forma tão rápida. Outra escolha duvidosa são os dilemas pessoais focados em relacionamentos amorosos malsucedidos e sem nenhuma relevância para a trama.

Já a trilha sonora é composta em grande parte pelas músicas dos próprios Mamonas e podemos ver o processo criativo por trás de algumas letras, entretanto não sabemos em que contexto essa brincadeira teve início enquanto eles ainda eram a banda Utopia. Por outro lado, a direção musical optou por acrescentar canções atuais que destoam completamente da atmosfera da narrativa, além de desperdiçar uma ótima oportunidade de aproveitar bandas que tiveram influência sobre a formação artística dos protagonistas.

Mamonas Assassinas – O Filme emociona em alguns momentos e tem um forte apelo nostálgico, especialmente para quem passou a infância e a adolescência ouvindo o som bem-humorado e diferenciado desse grupo que conquistou o Brasil. Contudo, como cinebiografia deixa a desejar em muitos pontos, resultando em uma obra com qualidade abaixo do que os homenageados realmente merecem.

Assista ao trailer!

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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