A editora Marvel por muito tempo teve o histórico de publicar quadrinhos de monstro. Não digo necessariamente terror, mas monstros, principalmente os gigantes que arrasavam grandes centros urbanos. Após o começo da era dos super-heróis gerada pela primeira edição do Quarteto Fantástico esse universo de monstruosidades foi deixado de lado. Mas por volta dos anos 70 decidiu-se dar um revival nesta vertente de monstros, se inspirando na linha de personagens clássicos da Universal.

Os que mais fizeram sucesso neste período foram os quadrinhos do Lobisomem, chamados originalmente de Werewolf by Night, e os quadrinhos do Drácula. Destes dois títulos surgiram outros heróis que acabaram ganhando certa popularidade que foram o Cavaleiro da Lua e Blade, respectivamente. Todos eles estavam inseridos no grande mundo de super-heróis e foram responsáveis por começar a formar o lado místico e ocultista da Marvel, junto com o Doutor Estranho.

Graças ao mês de Outubro estamos tendo uma série de lançamentos voltados para o terror ou com uma estética nessa linha. Neste contexto que surge o especial de Halloween, de cinquenta minutos, intitulado como Lobisomem na Noite onde o monstro do título fara sua primeira aparição nesse universo compartilhado.

O famoso caçador de monstros Ulysses Bloodstone veio a falecer, e agora a preciosa Pedra de Sangue deve ser passada para o próximo caçador. Essa joia dá diversas habilidades para aquele que a porta. Numa caçada que decidira quem será o próximo dono, temos a filha de Bloodstone e outras figuras misteriosas.

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Esse especial vai para um pouco além de somente apresentar o Lobisomem no universo Marvel. A primeira coisa que chama a atenção é a estética que tenta emular o estilo da era Universal de terror dos anos 30/40. Vemos que existe esse histórico de caçadores de monstros que parecem atuar nas sombras, mesmo num mundo repleto de super-heróis e eventos cósmicos. A verdadeira protagonista dessa história é Elsa Bloodstone, vivida por Laura Donnelly, que dentro dos quadrinhos acaba sendo uma contra parte feminina de Blade, apesar de não se focar exclusivamente em matar vampiros. Temos a aparição de outra icônica criatura, o Homem Coisa, que é a contra parte da Marvel do Monstro do Pântano.

Mas o problema deste ser um especial de 50 minutos é justamente que tudo isso não é aprofundado. Temos a sensação de que existe todo um universo diante de nós, mas nunca mergulhamos nele de fato. Acaba sendo um pouco frustrante. O estilo gótico é fascinante e nos faz querer mais e aprender mais sobre todos os monstros e a mitologia por trás deles. Nem mesmo através de diálogos expositivos aprendemos mais sobre o passado dos personagens e suas funções no mundo.

A direção de Michael Giacchino possuiu pontos positivos e negativos. Para um diretor que só havia feito dois curtas anteriormente ele apresentou algo impressionante. Seus trabalhos no cinema são como compositor em filmes gigantescos em fama e orçamento. Sua emulação da estética de terror clássica é eficiente, mas em nenhum momento realmente acreditamos que estamos vendo algo antigo ou que se passa num espaço anacrônico. Muitas vezes acaba sendo só um filtro preto e branco sobre uma imagem de alta qualidade. Por outro lado os efeitos práticos são muito bons e trazem uma verdade muito grande em momentos fundamentais da trama. São nesses pontos altos que até temos uma vibe meio Guillermo del Toro. A ação que poderia ser um pouco mais dinâmica, ou trabalhar mais em planos abertos, mas cumpre o propósito.

Os roteiristas responsáveis são Heather Quinn e Peter Cameron, sendo a primeira roteirista da série do Gavião Arqueiro e o segundo da série do Cavaleiro da Lua. Ou seja, são dois indivíduos que já trabalharam dentro do universo cinematográfico da Marvel. Em certa medida esse especial de Halloween foi uma oportunidade perdida. Com uma produção mais barata e direta para o streaming, poderiam ter feito um filme completo e estabelecer diversos conceitos do lado ocultista da Marvel. Talvez isso não tenha sido feito devido ao vindouro filme do Blade, mas mesmo assim não deixa de ser um pouco frustrante.

Uma mudança dentro do Universo Marvel que é bem vinda. Apesar de ter pequenos momentos de humor, existe um pouco mais de violência nas cenas. Nada muito grotesco, porém perceptível. A própria estética, como já citada, também é bem agradável, principalmente para aqueles que amam o terror clássico. Uma boa pedida para aqueles que estão um pouco cansados do típico “formato Marvel” e desejavam algo diferente.

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Lobisomem na Noite (Disney+)

8.0 Ótimo!
  • Nota 8
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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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