Morbius é um filme com muitos defeitos e nenhuma qualidade. Esta afirmação não poderia ser mais exata para definir o novo projeto da Sony com mais um vilão do Homem-Aranha. Com o objetivo de repetir o mesmo sucesso de Venom, o estúdio exagera em todo o tipo de erro na hora de contar uma história que nem deveria ter sido adaptada de tão ruim. O pior de tudo dessa grande “diarreia” de quase duas horas está no fato de fazer parte de um universo cinematográfico destinado cada vez mais ao fracasso.

A trama de Morbius começa apresentando o bioquímico Michael Morbius (Jared Leto) que desde criança sofre de uma doença rara no sangue. Ele busca a cura através de uma experiência com morcegos e acaba infectado com uma forma de vampirismo. Essa é a premissa geral do longa que só de ler já nos faz lembrar de uma frase de Deadpool 2 que deve ser citada com algumas adaptações gramaticais: “eita roteiristas preguiçosos!“. 

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Brincadeiras e referências a outros estúdios à parte, é necessário explicar o que faz com que Morbius erre tanto em sua execução. Em primeiro lugar, temos um uso forçado de clichês como o do homem excêntrico com uma inteligência fora do normal, uma ideia que tenta ser vendida em dois momentos distintos: na infância, quando vemos o jovem Michael (Charlie Shotwell) salvando o melhor amigo, Milo (Joseph Esson), com uma pequena mola quando o mesmo estava passando mal por algum motivo não explicado; segundo quando ele recebe um prêmio Nobel pela sua contribuição cientifica e recusa pois não acredita que está ajudando as pessoas o suficiente.

Nesse momento, entra em cena a tentativa de transformar o personagem em uma espécie de herói. Ele é uma boa pessoa e só quer ajudar os outros, o que não coincide com o fato de ter matado alguns mercenários no meio d caminho e não sentir remorso algum por isso. Curiosamente, esse descaso é compartilhado por outros personagens como a dupla de agentes do FBI formada por Simon Stroud (Tyrese Gibson) e Alberto Rodriguez (Al Madrigal) que investigam essas mortes, mas dão mais importância ao caso após uma enfermeira morrer dias depois sob as mesmas circunstâncias.

O terceiro clichê é um dos mais desnecessários e utilizados na indústria cinematográfica, o da mocinha indefesa e também interesse amoroso. Esse papel sobra para a Doutora Martine Bancroft (Adria Arjona) que em suas primeiras cenas sofre desrespeito por parte dos mercenários, é empurrada e se machuca para depois ser salva por Morbius logo no início do filme. Infelizmente, isso ocorre mais uma vez quando o vilão Milo (Matt Smith) utiliza ela para atrair a atenção do “grande herói” e agora ex-amigo. Além do uso dessa fórmula escrota, esse tipo de momento também serve para mostrar a falta de originalidade da produção ao colocar como antagonista o amigo que se sente traído e que tem basicamente os mesmos poderes do protagonista.

Deixando de lado as fórmulas batidas, ainda há um último detalhe que incomoda bastante em Morbius. Em nenhum momento, o filme se preocupa em contextualizar o cenário do qual estamos sendo apresentados. Ninguém se surpreende com a ideia de um vampiro a solta pela cidade, como seria de se esperar e o motivo está relacionado ao Venom,  algo que é explicado com uma pequena, porém mal feita referência a “um acontecimento em São Francisco” como explica um dos agentes federais. Apesar de citar a cidade onde mora Eddie Brock (Tom Hardy) e seu simbionte não há como saber se esse ocorrido é referente ao primeiro ou segundo filme do personagem. É como se o roteiro já contasse com o conhecimento prévio do público e sua capacidade  em conectar tudo sem dificuldade.

Morbius consegue com louvor ser o ápice da ruindade das adaptações de quadrinhos. Isso o coloca ao lado de grandes “clássicos” recentes do tipo como Esquadrão Suicida (2016), entre muitos outros. Afinal, não há como defender um filme que abusa de vários clichês, tenta nos entregar um protagonista carismático e ainda carece de sentido narrativo. Por todos esses motivos, aumenta ainda mais o receio do que a Sony está preparando para o futuro com os próximos filmes do seu universo cinematográfico: Kraven, Madame Teia e El Muerto. Se essas produções serão piores que isso, não há como saber ainda, mas não há dúvidas que superar algo assim será muito difícil por um bom tempo.

Confira o trailer:

Observação: Tem duas cenas pós-créditos absurdamente irrelevantes e sem sentido. Não perca seu tempo!

Morbius (2022)

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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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