Gavião Arqueiro estreou no fim de 2021 trazendo foco ao personagem tão relegado a segundo ou até terceiro plano dos filmes do MCU – esse movimento em dar mais espaços a tais personagens começou com o filme da Viúva Negra.  Aproveitando-se da data de Natal para seu próprio enredo, a série do arqueiro mascarado da Marvel fica no meio termo entre bons e péssimos momentos, mas deixa claro que a intenção não era dar protagonismo a Clint Barton (Jeremy Renner) e sim uma passagem de bastão para a insuportável Kate Bishop (Hailee Steinfield).

Gavião Arqueiro é a quarta série live-action da Marvel no MCU. A série conta com 6 episódios no total. A escolha de temporizar a série junto ao Natal foi bastante feliz pois gerou um clima leve e nostálgico de pano de fundo, enquanto que os elementos natalinos foram compondo a trama. Principalmente no que tange à família Barton, que vive a expectativa frustrada de viver as tradições de Natal com o pai ao longo da obra – mas pelo menos iniciam a série assistindo o musical de natal  “engraçadamente de péssimo gosto” dos Vingadores. Barton logo se despede de sua família para resolver pendências com seu passado de Ronin e promete estar de volta antes da noite de Natal em si.

Neste ponto da série já conhecemos Kate Bishop, a menina de família rica que idolatra o Gaviao Arqueiro desde sua infancia e que a inspira por ser uma pessoa “normal” lutando contra alienígenas/monstros. Um sentimento bem semelhante que nós espectadores temos com o personagem também, e que traz um debate sobre heroísmo interessante. Mas a empatia com a personagem para por aí. Kate é simplesmente insuportável, mostra-se mimada e inconveniente. Tentam dar uma ar de piadista fracassada para trabalhar o humor da personagem, mas que fracassa retumbantemente. E isso praticamente dita o rumo da série pois ela se mostra mais protagonista que o próprio Gavião Arqueiro.

Quanto mais a Kate é o foco do episódio pior ele fica. E isso fica claro nos três primeiros episódios, que são bem fracos não só pelo protagonismo dela (sobrepondo-se em cima de Clint), mas também pelo tempo gasto na apresentação do grupo de LARP (Live Action Role Playing) e os 3 patetas da gangue do agasalho. Por outro lado quanto mais o foco ia para as ações de Barton melhorava e encorpava mais o episódio. Gavião Arqueiro, por mais que não seja um herói com super-poderes, mostra-se um grande personagem com repertório para o drama de um pai de família de meio-período e a frustração de um herói com perdas profundas.

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Outro ponto positivo da série foi trazer à luz uma certa deficiência auditiva de Clint, devido à exposição de bombas, estrondos, etc. em sua vida de herói seria um problema esperado de se ter realmente. E a obra da Disney + explora o tema com riqueza também na personagem Maia (Alaqua Cox) que é surda desde a infância (assim como a atriz que a interpreta) que mais para frente será a personagem Eco (que já tem série própria anunciada). Ao longo da série vão aparecendo mais e mais personagens como o parceiro da Maia, a mãe e futuro padrasto de Kate, a gangue do agasalho, a família Barton, o grupo de LARP. São tantos personagens que fica impossível lembrar de todos. Chegamos também a ter a participação da irmã da Viúva Negra, Yelena (Florence Pugh), com direito à flashback do que aconteceu com ela durante o “blip”, e também a volta das cinzas do Rei do Crime (Vincet D’Onofrio) da série do Demolidor da Netflix (para ser meio que humilhado no final). O que faz chamar a atenção para o tanto que o Gavião Arqueiro tem que dividir tela com outros personagens em uma série própria e de apenas 6 episódios. 

Mesmo assim a série apresenta uma boa evolução na sua curva dramática nos 2 episódios finais, e mesmo tendo os clichês batidos da Marvel apresentou debates novos no universo MCU. Fica a dúvida da aposentadoria de Clint, se ele vai aparecer em algum filme da nova fase ou se teremos novas temporadas da série no futuro. Isto saberemos mais pra frente, mas uma coisa que já temos noção agora é que, assim como o musical dos Vingadores nas cenas pós-crédito, a nova “Gaviã Arqueira” é insuportável.

Análise

6.0 Regular
  • Nota 6
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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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