Tijolômetro – Maestro (2023):

Bom

Cinebiografias que exigem uma grande transformação física de seu elenco e atuações intensas para encarnar personagens reais são um prato cheio para o Oscar. Foi assim com Bohemian Rhapsody (2018) e Elvis (2022) e agora também é com Maestro, a grande aposta da Netflix na maior premiação do cinema. Contudo, o longa escrito, dirigido e estrelado por Bradley Cooper peca na superficialidade apesar de ser tecnicamente bem executado. 

O filme retrata a vida do famoso maestro, compositor e pianista norte-americano Leonard Bernstein (Bradley Cooper), que se tornou o mais jovem regente da Orquestra Filarmônica de Nova York em 1943. Bernstein se casa com a atriz Felicia Montealegre (Carey Mulligan, de Ela Disse e Doctor Who) com quem tem três filhos. Ao longo de três décadas, a trama acompanha o relacionamento repleto de altos e baixos do casal. 

Maestro preenche – de maneira intencional – todos os requisitos para ser concorrente nas principais categorias do Oscar 2024. As diversas funções de Cooper no projeto lhe renderam indicações a Melhor Filme, Melhor Ator e Melhor Roteiro Original. A performance de Mulligan lhe garantiu vaga na disputa pela estatueta de Melhor Atriz. Já no aspecto mais técnico, a produção está concorrendo para Melhor Som, Melhor Fotografia e Melhor Cabelo e Maquiagem, sendo esta última a categoria que mais chama atenção graças à caracterização impressionante dos protagonistas em seus respectivos papéis. 

Ainda sobre as atuações, vale destacar o trabalho de Bradley Cooper e Carey Mulligan. Ele se dedica a interpretar Leonard Bernstein de maneira enérgica, especialmente nos momentos em que conduz a orquestra. Ela, por sua vez, impõe a presença e a relevância de Felicia Montealegre dentro da narrativa, fazendo com que ela divida o protagonismo do filme, tanto que o seu nome vem primeiro na relação do elenco. 

Entretanto, mesmo com tantos pontos positivos, a trama falha no objetivo que deveria ser o principal de uma cinebiografia: nos apresentar ao personagem central. Quem nunca ouviu falar da importância do trabalho de Bernstein chegará ao final do filme ainda não sabendo, pois o roteiro foca mais no relacionamento do casal do que em outros aspectos da vida do maestro. E até mesmo nessa abordagem deixa a desejar, já que não aprofunda a bissexualidade de Leonard. Essa informação fica em segundo plano apenas para servir como fonte dos problemas conjugais, sem se arriscar em mostrar mais desse lado do protagonista, aparentemente com medo de manchar seu legado.

Tecnicamente falando, Maestro é uma produção que faz jus às indicações que recebeu dentro do Oscar, com caracterizações e atuações que realmente nos comovem. Porém, como biografia, desagrada ao ficar apenas na superfície e não justificar por que aquela figura que está sendo retratada em cena merece uma obra dedicada inteiramente à vida dela.

Assista ao trailer:

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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