[SPOILERS A SEGUIR] Desde que a lista com os títulos dos episódios da nova temporada foi revelada, um nome em particular chamou atenção: Steven Moffat. A última vez que ele escreveu para a série foi em 2017 no especial Twice Upon a Time. Agora, o roteirista mais comentado de Doctor Who faz um retorno explosivo (tu dum tss) em Boom

O Doutor (Ncuti Gatwa) e Ruby (Millie Gibson) desembarcam em Kastarion 3, um planeta assolado pela suposta guerra entre os Fuzileiros Anglicanos e os “kastarianos”. Assim que o 15th sai da Tardis, ele pisa em uma mina terrestre da corporação Villengard que o obriga a ficar parado no mesmo lugar. Qualquer movimento em falso e… boom! 

A ação do episódio se desenrola toda no mesmo cenário, com o protagonista impossibilitado de se mexer e agir livremente. Com um ambiente tão limitado, o roteiro precisa compensar na criatividade para que a trama não caia na monotonia. É nesse momento que a imaginação de Moffat se sobressai. Entre easter eggs e interações com os personagens, ele cria situações complicadas que vão aumentando a tensão cada vez mais até chegar ao clímax. 

Isso coloca uma carga emocional enorme sobre o Doutor, de modo que esse é um de seus momentos mais sombrios até então. Nesse aspecto, fica o destaque para a atuação de Ncuti Gatwa que encontrou o tom certo para a personalidade da sua regeneração. Sentimos toda a sua angústia enquanto se vê impotente diante do perigo e da morte iminente de todos à sua volta. 

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Entre os personagens que aparecem em Boom, uma das que mais se destaca é Mundy Flynn, interpretada por Varada Sethu. A participação da atriz chama a atenção porque ela já foi anunciada como futura companion na próxima temporada. Contudo, Russell T. Davies já confirmou que a Mundy não será a próxima companheira de viagens do Senhor do Tempo e que precisamos esperar até ano que vem para descobrir como será o retorno de Varada ao programa. 

Mesmo com outras pessoas envolvidas, Ruby e sua misteriosa origem roubam a cena novamente. Quando ela é gravemente ferida, a neve começa a cair outra vez de maneira muito improvável. A essa altura já está claro que essa simbologia irá se repetir ao longo dos episódios até ser esclarecida. Assim como a dúvida sobre quem é o parente da moça, já que nem a Ambulância Villengard conseguiu identificá-lo. 

Falando nessa Ambulância, é meio difícil não associar sua aparência ameaçadora aos Daleks, sem contar que seu algoritmo é tão desumano quanto os arqui-inimigos do Doutor. Esse conceito de alimentar uma guerra que não existe apenas para vender e gerar mais lucros é muito semelhante ao que lemos em 1984, de George Orwell, onde a guerra é um negócio rentável que justifica o sacrifício de vidas humanas para uma causa fictícia. 

Essa ambulância ainda tem um último detalhe intrigante: quem a interpreta é Susan Twist (twist é reviravolta em inglês, como na música do episódio 2). Essa atriz é um rosto recorrente desde o especial A Imensidão Azul. A cada aparição, ela surge como um personagem diferente em várias épocas e contextos. Resta saber se ela está de alguma forma ligada a “Aquele que Espera” – a entidade anunciada por Maestro em The Devil’s Chord (S1E2) – ou se é apenas uma pista falsa para desviar nossa atenção. 

Depois de muita apreensão, o algoritmo Villengard é derrotado com uma combinação de tecnologia e apelo emocional do amor de um pai pela filha. É interessante ver que o amor ainda pode ser usado como motivador desde que isso não seja um argumento utilizado sempre que houver algum problema aparentemente insolúvel. 

De qualquer forma, essa conclusão leva a uma reflexão sobre a morte e o significado dela de acordo com a fé de cada um. Mesmo afirmando que no final todos morrem, o Doutor repete o que lhe disse um “velho triste”: o que sobrevive de nós é o amor. O velho triste em questão é Philip Larkin e a citação vem de um de seus poemas, Uma Tumba de Arundel (An Arundel Tomb), que reflete justamente sobre a mortalidade e pode dizer muito a respeito dessa temporada. 

Boom é o episódio que todos os Whovians estavam precisando. Steven Moffat volta à série de maneira impactante e resgata aquela atmosfera de emoção, tensão e criatividade que fez a era moderna de Doctor Who ser o grande sucesso que é hoje. E felizmente ainda poderemos ver mais coisas dele vindo por aí, já que o especial de Natal Joy To The World também é de sua autoria.

Ficha técnica:

  • Episódio: 1×3 – Doctor Who: Boom
  • Data de exibição: 17 de maio de 2024
  • Roteiro: Steven Moffat
  • Direção: Julie Anne Robinson
  • Duração: 45 min.
  • Elenco: Ncuti Gatwa (o Doutor), Millie Gibson (Ruby Sunday), Varada Sethu (Mundy Flynn), Caoilinn Springall (Splice), Susan Twist (Ambulância), Joe Anderson (John Francis Vater), entre outros.

Assista ao trailer:

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Doctor Who 1x3: Boom

9.0 Ótimo!
  • Nota 9
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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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