Na ficção, em muitos casos a lógica que diz que menos informação é igual a mais mistério funciona muito bem. Quando esse recurso é bem utilizado o público recebe de presente ótimas histórias de suspense que prendem a atenção até o último minuto como foi o caso de A Imensidão Azul (Wild Blue Yonder) que fez proveito disso e entregou novamente uma aventura emocionante no segundo especial de aniversário de 60 anos de Doctor Who.
Na trama, vemos as consequências da perda de controle da TARDIS por conta do que ocorreu nos minutos finais de A Fera Estelar. Esse acidente leva o Doutor (David Tennant) e Donna (Catherine Tate) para o mais extremo limite em uma das viagens mais assustadoras de suas vidas. E, para fugir, eles precisam entrar em uma luta desesperada com o destino do universo em jogo.
Com uma divulgação de premissa intencionalmente vaga, Russell T Davies trouxe para A Imensidão Azul um dos elementos mais característicos da série: o terror espacial. Optando por não revelar quase nada sobre o episódio, o que cria por si só uma aura misteriosa do mesmo, o showrunner permitiu com isso a oportunidade do público ter uma experiência de imersão mais interessante por justamente não saber o que esperar. Nesse aspecto, vale comentar como é bem provável para os fãs das primeiras temporadas da Era Moderna que a lembrança de Midnight (S4E10) venha à tona por dois motivos. Para evitar o spoiler, pode-se dizer apenas que o primeiro deles envolve a ideia de tensão em um espaço aparentemente sem saída enquanto o segundo pode ser uma comparação entre as tramas como se a do especial fosse na verdade uma espécie de evolução de conceito do episódio também roteirizado por Davies na quarta temporada.
Assim como já era de se esperar, referências fazem a sua participação nessa aventura. A primeira delas é logo nos minutos iniciais, quando vemos a dupla encontrando uma figura histórica em um importante momento de descoberta. Mesmo sendo uma cena totalmente aleatória valeu como piada para gerar alguns momentos de leveza na história. Outra citação que vale mencionar é o da canção “The U.S. Air Force” música oficial da Força Aérea dos Estados Unidos, adotada nos anos 1940, e frequentemente referida como “Wild Blue Yonder”. Por último, fica um importante destaque para como os eventos de Flux são citados de forma concisa e relevante deixando claro que não foram totalmente desconsiderados pela produção.
Outro ponto importante é o das atuações do elenco principal que no episódio estão cada vez mais sintonizadas. Tanto nas cenas de humor como nas mais dramáticas a dupla entrega momentos que lembram o porquê de serem os preferidos de muitos fãs. Ao invés de ser uma repetição do seu 10º Doutor, o ator David Tennant consegue mostrar nuances dessa regeneração que muitas vezes lembram momentos e atitudes de outras regenerações como as que foram interpretadas por Matt Smith e Jodie Whittaker. Já Catherine Tate em várias situações deu mais ênfase para o lado humano de sua personagem, demonstrando compaixão por tudo o que o Senhor do Tempo passou recentemente e sendo empática com ele.
Com uma atmosfera de suspense que evolui gradativamente, A Imensidão Azul certamente será lembrada como uma das aventuras mais assustadoras de Doctor Who. Por esse motivo, aumenta a expectativa para que o fim da jornada do 14º Doutor termine de forma épica e com a qualidade cada vez mais acima com a chegada do terceiro e último especial: Risadinha.
Obs: O episódio marca a última é a participação de Wilfred Mott, o avô da Donna interpretado pelo ator Bernard Cribbins que faleceu em julho deste ano.
Ficha técnica:
- Episódio: 14×2 – Doctor Who: A Imensão Azul (Wild Blue Yonder)
- Data de exibição: 2 de dezembro de 2023
- Roteiro: Russell T. Davies
- Direção: Tom Kingsley
- Duração: 55 min.
- Elenco: David Tennant (14º Doutor) Catherine Tate (Donna Noble), Bernad Cribbins (Wilfred Mott), entre outros.
Assista ao trailer:
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A Imensidão Azul
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