O cinema é uma das formas mais influentes e cativantes de arte, capaz de transportar o público para universos únicos e emocionantes. Ao longo da história do cinema, diversos movimentos artísticos surgiram, moldando a forma como os filmes foram produzidos e apreciados. Neste artigo embarcaremos em uma emocionante viagem pelos principais movimentos artísticos do cinema ou, simplesmente, Movimentos Cinematográficos. Mas, primeiramente, temos que entender o quê define um movimento cinematográfico.

Um movimento cinematográfico é uma manifestação coletiva de estilos, temas e técnicas cinematográficas que caracterizam um período específico na história do cinema. Esses movimentos são definidos por sua estética visual distinta, temas comuns e uma resposta ao contexto histórico e cultural em que surgiram. Através da colaboração de cineastas, esses movimentos moldam a identidade do cinema e deixam um impacto cultural duradouro, influenciando tanto a indústria quanto a forma como o cinema é percebido pela sociedade. Desde o primeiro, em 1910, até os dias atuais surgiram vários destes movimentos, vamos abaixo explorar 16 dos mais importantes movimentos da história do cinema.

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1. Expressionismo Alemão

Metrópolis (1927)

O Expressionismo Alemão foi um movimento cinematográfico revolucionário, originário da Alemanha na década de 1910 e é considerado o primeiro movimento cinematográfico. Caracterizado por cenários distorcidos e sombrios, buscava abordar as experiências pessoais e subjetivas do ser humano. Fazendo uso de sets pouco realistas, ângulos profundos e sombras marcantes, para intensificar a atmosfera do filme. Influenciou significativamente o gênero de terror e suspense.  Diretores como Robert Wiene, F.W. Murnau e Fritz Lang trouxeram vida a esse movimento, enquanto atores como Conrad Veidt e Emil Jannings cativaram o público com suas performances marcantes.

Principais obras

– “O Gabinete do Dr. Caligari” (1920), dirigido por Robert Wiene, é uma obra-prima do cinema mudo que se destaca pelas suas impressionantes paisagens expressionistas e uma narrativa intrigante.

– “Nosferatu” (1922), dirigido por F.W. Murnau, é uma adaptação não autorizada do romance “Drácula”, de Bram Stoker, com uma atmosfera gótica e aterrorizante.

– “Metrópolis” (1927), dirigido por Fritz Lang, é uma obra visionária de ficção científica que apresenta uma cidade futurista com uma distinção entre as classes sociais.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– Eisner, Lotte H. “The Haunted Screen: Expressionism in the German Cinema and the Influence of Max Reinhardt.” University of California Press, 2008.

– Elsaesser, Thomas. “Weimar Cinema and After: Germany’s Historical Imaginary.” Routledge, 2000.

2. Surrealismo

Um Cão Andaluz (1929)

O surrealismo, um movimento artístico e literário do início do século XX, também encontrou sua expressão no cinema. Caracterizado pela exploração do inconsciente e dos sonhos, o surrealismo no cinema transcende os limites da realidade, oferecendo uma experiência visualmente inovadora e intrigante. Traz a desinibição dadaísta, como no emprego de procedimentos fotográficos e cinematográficos ou na ressignificação de objetos. Neste movimento, Luis Buñuel e Salvador Dalí colaboraram em “Um Cão Andaluz“, deixando um legado surrealista para a posteridade, enquanto Jean Cocteau adicionou sua visão poética ao movimento.

Principais obras 

– “Um Cão Andaluz” (1929), dirigido por Luis Buñuel e co-escrito por Salvador Dalí, é um curta-metragem icônico repleto de imagens oníricas e chocantes.

– “A Bela e a Fera” (1946), dirigido por Jean Cocteau, é uma adaptação mágica e poética do conto de fadas clássico, repleto de elementos surreais.

– “Repulsa ao Sexo” (1965), dirigido por Roman Polanski, explora a mente de uma jovem em um mundo de delírios e pesadelos.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– Ades, Dawn. “Surrealism: The Movement and the Masters.” Thames & Hudson, 2004.

– Dalton, Stephen. “The Surrealism Reader: An Anthology of Ideas.” Tate Publishing, 2006.

3. Neorrealismo Italiano

Ladrões de Bicicleta (1948)

O Neorrealismo Italiano surgiu na Itália no período pós-Segunda Guerra Mundial e buscou retratar a vida cotidiana de maneira realista e autêntica. Trouxe uma ênfase no cidadão comum, recusa a julgamentos fáceis, preocupação com o passado fascista do país e com a devastação pós-guerra, além da valorização das emoções em detrimento das ideias abstratas. Vittorio De Sica e Roberto Rossellini se destacaram como diretores-chave, contando histórias que ressoaram profundamente com o público, com atores como Jean-Pierre Léaud e Simone Signoret trazendo seus personagens à vida de maneira cativante.

Principais obras 

– “Ladrões de Bicicletas” (1948), dirigido por Vittorio De Sica, é uma obra-prima do neorrealismo que conta a história de um pai desempregado que busca recuperar sua bicicleta roubada.

– “Roma, Cidade Aberta” (1945), dirigido por Roberto Rossellini, é uma representação crua da resistência italiana durante a ocupação nazista.

– “Milagre em Milão” (1951), também dirigido por Vittorio De Sica, é uma fábula social sobre a esperança e a solidariedade em meio à pobreza.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– Bondanella, Peter. “Italian Cinema: From Neorealism to the Present.” Continuum, 2001.

– Brunette, Peter. “Roberto Rossellini.” University of California Press, 1987.

4. Nouvelle Vague

Acossado (1960)

A Nouvelle Vague, ou Nova Onda, foi um movimento cinematográfico francês que surgiu nos anos 1950 e 1960. Caracterizado por uma abordagem inovadora à narrativa e ao estilo visual, a Nouvelle Vague teve um grande impacto no cinema moderno.  As cenas focam o psicológico dos personagens, suas impressões cotidianas e banais. O sujeito sobrepõe a lógica das cenas. A sátira sobre a própria linguagem cinematográfica, são algumas de suas características. Diretores como Jean-Luc Godard e François Truffaut foram líderes do movimento. Atrizes como Jeanne Moreau e Anna Karina emprestaram sua beleza e talento para dar vida às personagens icônicas desse movimento.

Principais obras

– “Acossado” (1960), dirigido por Jean-Luc Godard, é uma história de amor e crime, conhecida por sua edição ousada e técnica inovadora.

– “Os Incompreendidos” (1959), dirigido por François Truffaut, é um retrato comovente da juventude rebelde e desajustada.

– “Jules e Jim – Uma Mulher para Dois” (1962), também dirigido por François Truffaut, é uma história de amor e amizade pouco convencional.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– Bazin, André. “What is Cinema? Volume II.” University of California Press, 1971.

– Richard, N.T. “A History of the French New Wave Cinema.” University of Wisconsin Press, 2007.

5. Cinema Novo

Terra em Transe (1967)

O Cinema Novo foi um movimento brasileiro que surgiu nos anos 1960 e buscou retratar a realidade social e política do Brasil. Foi ém uma época de produção intensa de filmes e ideias, em que a ordem é fazer política por meio do cinema, à margem do sistema e de suas engrenagens comerciais, contrariando quase tudo que se fazia no cinema brasileiro e propondo um olhar novo e autoral sobre a realidade. Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos foram pioneiros na criação de filmes impactantes, e atores como Sônia Braga e Hugo Carvana foram fundamentais para a representação autêntica dessas histórias.

Principais obras

– “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), dirigido por Glauber Rocha, é uma jornada épica que explora as lutas sociais e religiosas no sertão brasileiro.

– “Terra em Transe” (1967), também dirigido por Glauber Rocha, é uma narrativa política e alegórica sobre os conflitos de uma nação fictícia.

– “Vidas Secas” (1963), dirigido por Nelson Pereira dos Santos, é uma adaptação do romance homônimo de Graciliano Ramos, que aborda as dificuldades enfrentadas por uma família de retirantes nordestinos.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– Rocha, Glauber. “Revisão Crítica do Cinema Brasileiro.” Cosac Naify, 2015.

– Xavier, Ismail. “O Cinema Brasileiro Moderno.” Paz e Terra, 2001.

6. Cinema Experimental

A Viagem à Lua (1902)

O Cinema Experimental abrange uma variedade de abordagens e técnicas, frequentemente desafiando as convenções tradicionais de narrativa e estética. Trabalha com a multiplicidade de telas, a colagem e a abstração e, principalmente, incorpora elementos de práticas como os happenings, unindo a espontaneidade e o movimento corporal à forma poética dos filmes. Por isso, foi muitas vezes chamado “cinema de performance”. O Cinema Experimental abriu as portas para a criatividade ilimitada, onde diretores como Maya Deren e Stan Brakhage exploraram novas fronteiras e expandiram as possibilidades da linguagem cinematográfica.

Principais obras

– “A Viagem à Lua” (1902), dirigido por Georges Méliès, é um dos primeiros filmes experimentais da história, com técnicas pioneiras de efeitos especiais.

– “Koyaanisqatsi” (1982), dirigido por Godfrey Reggio e com música de Philip Glass, é uma experiência audiovisual que combina imagens impressionantes com uma trilha sonora hipnotizante.

– “Meshes of the Afternoon” (1943), dirigido por Maya Deren e Alexander Hammid, é um curta-metragem surreal e simbólico que se tornou um marco do cinema experimental.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– Rees, A.L. “A History of Experimental Film and Video.” Palgrave Macmillan, 2012.

– MacDonald, Scott. “A Critical Cinema 3: Interviews with Independent Filmmakers.” University of California Press, 1998.

7. Blockbusters de Hollywood

Star Wars (1977)

Os Blockbusters de Hollywood são filmes comerciais com orçamentos enormes e produções grandiosas, projetados para atrair um amplo público. São filmes considerados comerciais que, em sua maioria tem custo alto de produção (por conta do cachê dos atores e dos efeitos especiais), custos de lançamento também elevados e às vezes próximos ou superiores aos custos de produção (em razão do número elevado de cópias e da publicidade massiva). Tornaram-se sinônimos de entretenimento de massa, com atores como Harrison Ford, Arnold Schwarzenegger e Tom Cruise se destacando como astros dos filmes de ação e aventura que cativaram audiências em todo o mundo.

Principais obras

– “Tubarão” (1975), dirigido por Steven Spielberg, é um dos primeiros blockbusters da história do cinema, que segue a história de um gigantesco tubarão branco que ameaça a segurança de uma pequena cidade litorânea.

– “Star Wars” (1977), dirigido por George Lucas, é uma saga de ficção científica que se tornou um fenômeno cultural, com uma história épica de luta entre o bem e o mal em uma galáxia distante.

– “Jurassic Park” (1993), novamente dirigido por Steven Spielberg, é um filme de aventura e ficção científica que apresenta dinossauros recriados geneticamente em um parque temático.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– Seger, Linda. “Making a Good Script Great.” Silman-James Press, 1994.

– Cook, David A. “Lost Illusions: American Cinema in the Shadow of Watergate and Vietnam, 1970-1979.” University of California Press, 2002.

8. Realismo Poético Francês

A Grande Ilusão (1937)

O Realismo Poético Francês foi um movimento cinematográfico que emergiu na França nos anos 1930, destacando-se por suas abordagens emocionais e poéticas à narrativa. Combinava o realismo com um estilo lírico de cinema. A atmosfera fatalista e sombria, criada pela luz e pela decoração impressionistas, prenunciou o cinema noir. Com diretores como Jean Renoir e Jean Cocteau criando filmes que encantaram o público. Atores como Jean Gabin e Simone Signoret deram vida a personagens complexos e memoráveis.

Principais obras 

– “A Grande Ilusão” (1937), dirigido por Jean Renoir, é um filme de guerra que explora as relações humanas entre prisioneiros de guerra durante a Primeira Guerra Mundial.

– “O Quarto Proibido” (1932), dirigido por Jean Vigo, é uma história de amor proibido entre um marinheiro e uma jovem que luta contra uma doença terminal.

– “Os Incompreendidos” (1959), novamente mencionado, também pode ser associado ao Realismo Poético Francês devido ao seu estilo lírico e emotivo.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– Armes, Roy. “French Cinema.” Oxford University Press, 2006.

– O’Shaughnessy, Martin. “Jean Renoir.” Manchester University Press, 2000.

9. New Hollywood

Taxi Driver (1976)

O movimento New Hollywood, ou Nova Hollywood, surgiu nos Estados Unidos nos anos 1960 e 1970, marcando uma mudança significativa na indústria cinematográfica. Cineastas independentes buscaram romper com as fórmulas tradicionais de Hollywood, resultando em filmes mais ousados e arrojados. Foi certamente um dos mais decisivos na construção e consolidação do que compreendemos hoje por “cinema contemporâneo”. A característica mais marcante do New Hollywood é o drama humano sendo captado de forma visceral, através dos mais variados gêneros, ora de forma cruel ora estilizada, mas sempre com uma veracidade jamais vista. Outro elemento fundamental era a trilha sonora, que passou a ser usada de forma completamente diferente, se compararmos às décadas anteriores.

Diretores como Martin Scorsese, Francis Ford Coppola e Steven Spielberg lideraram o movimento, estabelecendo-se como alguns dos cineastas mais influentes da história do cinema.

Principais obras

– “Sem Destino” (1969), dirigido por Dennis Hopper, é um clássico da contracultura que segue uma jornada de motoqueiros em busca de liberdade e aventura.

– “Taxi Driver” (1976), dirigido por Martin Scorsese, é um retrato sombrio e perturbador de um taxista alienado e desiludido com a sociedade.

– “Apocalypse Now” (1979), dirigido por Francis Ford Coppola, é uma obra-prima do cinema de guerra que apresenta uma narrativa complexa e visualmente impressionante sobre a Guerra do Vietnã.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– Schatz, Thomas. “The New Hollywood.” Tauris Parke Paperbacks, 1990.

– Biskind, Peter. “Easy Riders, Raging Bulls: How the Sex-Drugs-and-Rock ‘n’ Roll Generation Saved Hollywood.” Simon & Schuster, 1999.

10. New German Cinema

Rainer Werner Fassbinder (Diretor de Cinema)

O movimento New German Cinema surgiu na Alemanha nos anos 1960 e 1970, trazendo uma nova geração de cineastas independentes que abordaram temas políticos e sociais. Em reação à estagnação artística e econômica do cinema alemão no pós Segunda Guerra, um grupo de jovens cineastas publicou o Manifesto de Oberhausen em fevereiro de 1962 que conseguiu assegurar que a Alemanha recebesse uma infraestrutura de cinema. Surgindo uma nova geração de diretores talentosos trabalhando com orçamentos baixos e mesclando influências do Neorrealismo italiano, da Nouvelle Vague francesa e da New Wave britânica.

Ao contrário do que se possa imaginar, os diretores do novo cinema alemão não
seguiam as mesmas regras, nem seus filmes eram parecidos uns aos outros. São produções muito diversificadas, com estilos distintos, que olharam para a história da Alemanha cada uma a sua maneira.
Trazendo uma nova perspectiva do cinema alemão, com diretores como Rainer Werner Fassbinder, Werner Herzog e Wim Wenders inovando e cativando o público com suas obras originais e provocativas.

Principais obras

– “Asas do Desejo” (1987), dirigido por Wim Wenders, é uma poética história sobre anjos que observam e se apaixonam pelo mundo humano.

– “Alice nas Cidades” (1974), dirigido por Wim Wenders, é um road movie que explora a jornada de um fotógrafo e uma menina em busca de sua avó.

– “Nosso Amigo Käthe” (1975), dirigido por Edgar Reitz, é uma narrativa emocional sobre um homem que retorna à sua cidade natal após anos de ausência.

Sugestões Bibliográficas do Movimento 

– Kapczynski, Jennifer M. “The German Patient: Crisis and Recovery in Postwar Culture.” University of Michigan Press, 2008.

– Cook, Roger F. “The Cinema of Wim Wenders: Image, Narrative, and the Postmodern Condition.” Wayne State University Press, 1997.

11. Cinema de Hong Kong

Operação Dragão (1973)

O movimento cinematográfico de Hong Kong, florescido nas décadas de 1960, 1970 e 1980, é marcado por características únicas que o tornaram distintivo globalmente. Conhecido por seus filmes de ação e artes marciais, o cinema de Hong Kong apresenta coreografias excepcionais, catapultando estrelas internacionais como Bruce Lee, Jackie Chan e Jet Li. A fusão de gêneros, inovações técnicas, representação cultural e identidade, além do estrelato de cineastas como John Woo e Wong Kar-wai, contribuíram para a popularidade internacional do cinema de Hong Kong. Sua capacidade de mesclar tradições culturais, inovar tecnicamente e produzir filmes multifacetados solidificou sua posição como uma influência duradoura na história cinematográfica mundial.

Principais obras

– “Operação Dragão” (1973), dirigido por Robert Clouse e estrelado por Bruce Lee, é um dos filmes mais icônicos do cinema de artes marciais, que apresenta uma mistura de lutas e cenas de ação inesquecíveis.

– “Infernal Affairs” (2002), dirigido por Andrew Lau e Alan Mak, é um thriller policial tenso e complexo sobre um policial infiltrado em uma gangue e um criminoso infiltrado na polícia.

– “Kung Fu Hustle” (2004), dirigido e estrelado por Stephen Chow, é uma comédia de ação que combina artes marciais, humor e efeitos especiais impressionantes.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– Teo, Stephen. “Hong Kong Cinema: The Extra Dimensions.” British Film Institute, 1997.

Stokes, Lisa Odham. “Historical Dictionary of Hong Kong Cinema.” Scarecrow Press, 2007.

12. Dogma 95

Os Idiotas (1998)

O movimento Dogma 95 foi uma iniciativa cinematográfica dinamarquesa na década de 1990 que propôs um conjunto de “regras” para a criação de filmes mais realistas e autênticos, trazendo um novo desafio às convenções tradicionais. Diretores como Lars von Trier e Thomas Vinterberg são expoentes do movimento.  O Dogma 95 definiu em sua estética regras rigorosas, como a proibição do uso de iluminação artificial e a utilização exclusiva de câmeras handheld. Buscava resgatar a autenticidade no cinema, afastando-se de artifícios técnicos, priorizando a narrativa e a atuação sobre elementos técnicos elaborados. Seus filmes eram conhecidos por uma estética crua e realista, muitas vezes explorando temas existenciais e sociais de maneira visceral, contribuindo para uma nova perspectiva na produção cinematográfica contemporânea.

Principais obras

– “Festa de Família” (1998), dirigido por Thomas Vinterberg, é uma comédia dramática que expõe as dinâmicas familiares em uma festa de aniversário caótica.

– “Os Idiotas” (1998), dirigido por Lars von Trier, retrata um grupo de pessoas que simulam comportamentos idiotas para desafiar as convenções sociais.

– “Ondas do Destino” (1996), dirigido por Lars von Trier, é um drama que segue a história de uma mulher que luta contra uma doença terminal.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– von Trier, Lars; Vinterberg, Thomas. “The Dogma 95 Collective: Manifesto and Explanation.” Faber & Faber, 2000.

– Hjort, Mette; MacKenzie, Scott. “Purity and Provocation: Dogma 95.” British Film Institute, 2003.

13. Cinema Mumblecore

Hannah Takes the Stairs (2007)

O Cinema Mumblecore é um movimento independente americano que surgiu nos anos 2000, caracterizado por diálogos naturais e abordagens realistas. É caracterizado por produções independentes de baixo orçamento, centradas em narrativas do cotidiano e relações interpessoais. Outras características marcantes incluem diálogos naturalistas, frequentemente improvisados, e a utilização de elencos amadores. Priorizando a espontaneidade sobre a produção técnica elaborada, os filmes Mumblecore exploram as complexidades das relações humanas, muitas vezes abordando temas como amor, amizade e autoexploração, refletindo uma abordagem fresca e íntima na produção cinematográfica contemporânea. Com diretores como Joe Swanberg e Lynn Shelton capturando momentos autênticos e íntimos nas vidas de seus personagens.

Principais obras

– “Hannah Takes the Stairs” (2007), dirigido por Joe Swanberg, é um drama romântico que segue as dúvidas e desejos de uma jovem mulher.

– “Baghead” (2008), dirigido pelos irmãos Duplass, é uma comédia de terror que explora os desafios enfrentados por um grupo de amigos em busca do sucesso em Hollywood.

– “Medo e Desejo” (2012), dirigido por Zachary Oberzan, é uma adaptação de “Coração das Trevas”, de Joseph Conrad, filmada com um orçamento mínimo.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– Lamerichs, Nadya. “Subculture to Clubcultures: An Anthropological and Sociological Study of Mumblecore Films and Its Fans.” Amsterdam University Press, 2014.

– Jermyn, Deborah. “The Cinema of Richard Linklater: Walk, Don’t Run.” Wallflower Press, 2013.

14. Cinema Digital e Produção Colaborativa

Tangerine (2015)

Com o avanço da tecnologia digital, surgiram novas oportunidades para cineastas independentes produzirem filmes com recursos acessíveis. Representa uma mudança significativa na indústria cinematográfica, destacando-se pelo uso de tecnologias digitais para produção, edição e distribuição de filmes. Caracterizado por orçamentos e ferramentas digitais acessíveis, este movimento permite que cineastas independentes realizem projetos de forma mais flexível e colaborativa. A ênfase na participação coletiva e na produção descentralizada encoraja a diversidade de vozes e perspectivas, resultando em narrativas inovadoras e uma abordagem mais democrática à criação cinematográfica.

Essa evolução na produção cinematográfica tem desempenhado um papel crucial na democratização do acesso à produção de filmes e na ampliação da variedade de histórias contadas nas telas. Abrindo novas possibilidades para cineastas como os diretores Sean Baker e Barry Jenkins demonstrando que é possível criar filmes emocionantes e cativantes com recursos acessíveis.

Principais obras

– “Tangerine” (2015), dirigido por Sean Baker, foi filmado inteiramente com iPhones e narra a vida de duas amigas transexuais em Los Angeles.

– “Procurando Sugar Man” (2012), dirigido por Malik Bendjelloul, é um documentário que utiliza gravações amadoras e narrativas colaborativas para contar a história de um músico desconhecido que se torna uma lenda na África do Sul.

– “Moonlight: Sob a Luz do Luar” (2016), dirigido por Barry Jenkins, é um filme de baixo orçamento que aborda questões de identidade e sexualidade por meio de uma narrativa sensível e comovente.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– Renoir, Jean-Michel. “Digital Cinema: The Revolution in Cinematography, Postproduction, and Distribution.” Laurence King Publishing, 2012.

– Decherney, Peter. “Hollywood’s Copyright Wars: From Edison to the Internet.” Columbia University Press, 2013.

15. Bollywood

Sholay (1975)

Bollywood é a indústria cinematográfica indiana, conhecida por seus filmes coloridos e emocionantes. Sediada em Mumbai, é conhecida por suas produções caracterizadas por uma fusão única de drama, dança e música. Os filmes de Bollywood frequentemente exploram temas emocionais, românticos e familiares, incorporando sequências de dança elaboradas e canções cativantes. Esta indústria é notável pela ênfase na expressão artística, figurinos vibrantes, e cenários exóticos. Além disso, Bollywood desempenha um papel crucial na promoção da cultura indiana globalmente, mantendo sua posição como uma força influente na produção cinematográfica mundial. O movimento trouxe a magia dos musicais e a emoção de histórias épicas para as telas, com atores como Amitabh Bachchan, Shah Rukh Khan e Aishwarya Rai Bachchan se tornando ícones do cinema indiano.

Principais obras

– “Sholay” (1975), dirigido por Ramesh Sippy, é um clássico filme de ação e aventura que se tornou um ícone cultural na Índia.

– “Dilwale Dulhania Le Jayenge” (1995), dirigido por Aditya Chopra, é um dos filmes românticos mais amados e duradouros da história do cinema indiano.

– “3 Idiotas” (2009), dirigido por Rajkumar Hirani, é uma comédia-drama que aborda o sistema educacional indiano de forma humorística e reflexiva.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– Ganti, Tejaswini. “Bollywood: A Guidebook to Popular Hindi Cinema.” Routledge, 2004.

– Rajadhyaksha, Ashish; Willemen, Paul. “Encyclopedia of Indian Cinema.” British Film Institute, 1994.

16. Blaxploitation

Superfly (1972)

O Blaxploitation foi um movimento cinematográfico americano da década de 1970, que focou em histórias centradas em personagens negros e abordou questões de identidade racial. Seus filmes muitas vezes explorava temas relacionados à cultura negra, justiça social e empoderamento. Frequentemente ambientados em ambientes urbanos, incorporam elementos de ação, crime e drama, enquanto apresentam trilhas sonoras distintas de funk e soul. O movimento Blaxploitation desempenhou um papel significativo na representação cinematográfica da comunidade negra, embora algumas críticas sugiram que, em alguns casos, as narrativas perpetuavam estereótipos. Apesar disso, o movimento é reconhecido por ter proporcionado visibilidade a talentos negros na indústria cinematográfica e por seu impacto duradouro na cultura popular. com atores como Pam Grier, Richard Roundtree e Fred Williamson se tornando símbolos importantes deste movimento.

Principais obras

– “Shaft” (1971), dirigido por Gordon Parks, é um filme de ação estrelado por Richard Roundtree como um detetive durão e carismático.

– “Superfly” (1972), dirigido por Gordon Parks Jr., é um filme de crime que aborda o mundo perigoso das drogas e da violência urbana.

– “Foxy Brown” (1974), dirigido por Jack Hill e estrelado por Pam Grier, é um filme de ação e vingança que se tornou um ícone do Blaxploitation.

Sugestões Bibliográficas do Movimento:

– Austin, Thomas. “Hollywood, Hype, and Audiences: Selling and Watching Popular Film in the 1990s.” Manchester University Press, 2002.

– Guerrero, Ed. “Framing Blackness: The African American Image in Film.” Temple University Press, 1993.


A história do cinema é repleta destes movimentos artísticos que redefiniram a forma de contar histórias, exploraram novas estéticas e influenciaram gerações de cineastas e atores que deixaram suas marcas, contribuindo para a diversidade e riqueza do cinema. Cada movimento trouxe sua visão única e deixou uma marca indelével na história do cinema. Essa diversidade de estilos e abordagens demonstra a riqueza da sétima arte como uma forma de expressão que continua evoluindo e encantando o público em todo o mundo. E disto ainda podem surgir novos movimentos com o passar dos anos, como a “febre dos super-heróis” ou a “modelagem streaming” que estão sendo desenhados atualmente. Mas isso é um papo para um outro texto.

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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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