Tijolômetro – A Cantiga dos Pássaros E das Serpentes (2023):

Ótimo!

A franquia Jogos Vorazes se tornou um fenômeno cinematográfico após adaptar em quatro filmes a trilogia original escrita por Suzanne Collins. Depois de oito anos do lançamento de A Esperança: parte 2 (2015), retornamos a Panem com A Cantiga dos Pássaros E das Serpentes para conhecer a história do pior inimigo de Katniss Everdeen: Coriolanus Snow.

O longa adapta o quarto livro da série e transporta os espectadores para uma Capital que ainda sente os efeitos da guerra contra os Distritos. Lá, Coriolanus (Tom Blyth) é um jovem de 18 anos que luta para reestabelecer o prestígio e o status da família Snow. Ele encontra sua melhor chance quando é designado para ser o mentor de Lucy Gray Baird (Rachel Zegler), a garota tributo do Distrito 12 durante a 10ª edição dos Jogos Vorazes. Enquanto ela luta para sobreviver na arena, Coriolanus precisa usar toda a sua inteligência e simpatia para manipular e enganar todos à sua volta, além de aprender a lidar com seus sentimentos pela moça.

Por mais que não seja uma trama de super-heróis, A Cantiga dos Pássaros E das Serpentes pode ser considerado como o filme de origem do principal vilão desse universo. Para isso, o roteiro toma o cuidado de criar empatia por Coriolanus enquanto apresenta um jovem orgulhoso que não possui nada a não ser o antigo respeito que o sobrenome de sua família inspirava no passado. Se escondendo atrás das aparências, ele tenta se destacar na sociedade, mas por mais ambicioso que seja, ainda conserva o idealismo inocente da juventude.

Já Lucy Gray é um contraponto a Snow, sendo uma pessoa livre para ser quem realmente é, sem se importar com a opinião alheia. É difícil não fazer comparativos entre ela e Katniss, visto que a personagem de Jennifer Lawrence era o centro dos filmes anteriores. Ambas são atiradas nos Jogos Vorazes para lutarem por suas vidas, contudo cada uma reage de um jeito diferente. De um lado, Katniss é uma guerreira que precisa aprender a atuar na frente das câmeras; do outro, Lucy Gray é uma artista nata tendo que encarar a violência nua e crua da arena.

Porém, não é apenas a garota tributo que tem influência direta sobre o jovem Coriolanus. Uma das figuras que mais contribui para a trajetória do futuro ditador de Panem é a dra. Volumnia Gaul, chefe dos Idealizadores dos Jogos. A falta de escrúpulos da personagem fica evidente logo de cara através da atuação incrível de Viola Davis que interpreta uma vilã carismática e quase caricata, mas que deixa óbvio o quanto ela é perigosa e implacável. Ainda sobra espaço para a boa performance de Peter Dinklage na pele de Casca Highbottom, criador dos Jogos Vorazes.

Outra característica que torna esse filme uma peça fundamental para a franquia como um todo é a oportunidade de vermos como eram os Jogos nas primeiras edições, sem o glamour e o status de celebridade que os tributos teriam nas próximas décadas. Entretanto, o detalhe mais importante fica no conflito moral que os próprios cidadãos da Capital enfrentam ao se questionarem que direito eles têm de transformar a morte de pessoas em entretenimento.

A produção é a mais longa da franquia – com 2h38min de duração – e assume um tom bem mais sombrio e maduro em relação às anteriores, sem focar tanto no relacionamento amoroso e priorizando a atenção nos dilemas que moldam Coriolanus e os próprios Jogos. Também nos fornece uma visão mais ampla, explorando os fatos antes, durante e depois da competição, assim como suas consequências para o bem e para o mal.

A Cantiga dos Pássaros E das Serpentes não é apenas um retorno nostálgico ao universo distópico de Jogos Vorazes, mas também um capítulo necessário para mostrar como as ambições e oportunidades podem definir o que as pessoas irão se tornar no futuro. Com isso fica o questionamento: as pessoas já nascem más ou elas vão se tornando no caminho?

Assista ao trailer de A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes:

Quer continuar por dentro das novidades? Então siga o canal do Quarta Parede no WhatsApp e não perca nada!

Publicidade
Share.
Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

Exit mobile version