As adaptações de quadrinhos estão ganhando cada vez mais espaço no streaming e no cinema e uma das novidades do Prime Video apresenta uma história divertida, emocionante e profunda. Paper Girls, inspirada no quadrinho homônimo criado por Brian K. Vaughan, reúne todos esses elementos junto com uma das temáticas mais fascinantes da ficção científica: viagem no tempo.
Na manhã logo após o Halloween de 1988, Erin (Riley Lai Nelet), Mac (Sofia Rosinsky), KJ (Fina Strazza) e Tiffany (Camryn Jones) saem para entregar jornais pela sua cidade quando são pegas no meio de uma batalha entre facções de viajantes do tempo. Sem saber, as meninas são levadas para o futuro e agora precisam encontrar uma forma de voltar para casa na época certa. Porém, isso as colocará frente a frente com suas versões mais velhas e elas descobrirão que o futuro pode ser bem diferente do que imaginaram.
Anos 80, grupo de crianças e ficção científica… sim, isso é familiar. Pela sinopse de Paper Girls, é inevitável fazer uma comparação com Stranger Things já que elas partem da mesma ambientação e trilha sonora. Contudo, as semelhanças ficam somente nisso, visto que a série do Prime Video não tem o mesmo impacto de causar nostalgia nos espectadores como o fenômeno da Netflix. Além disso, a década de 80 não é a única a ser explorada, levando em conta que as viagens temporais são o diferencial.
E mesmo dentro desse subgênero ficcional, a viagem no tempo não é o ponto principal da produção. Isso se comprova pela simplicidade com que alguns conceitos complexos são explorados, como os paradoxos e o efeito borboleta que bagunçariam ainda mais as coisas para as protagonistas.
O destaque de Paper Girls está no drama pessoal vivido por cada uma das meninas e na jornada de autoconhecimento que trilham. Diante de suas versões adultas, elas são obrigadas a encarar o fato de que o futuro nem sempre é como elas imaginavam e que os sonhos de infância podem não se tornar realidade; ou até mesmo que tudo que você considerava como correto pode não ser a única resposta possível. Esse choque entre “o que deveria ser” e “o que realmente é” resulta em diálogos e atuações muito bons, principalmente por parte do elenco infantil.
Mas também somos apresentados ao outro lado da moeda. Da mesma forma que as crianças não se reconhecem em suas vidas adultas, há o estranhamento de ver a si mesmo mais jovem e ingênuo. Fica a questão sobre quando aquela inocência foi perdida e por que a infância não foi melhor aproveitada enquanto havia tempo. Essas são perguntas que todos podemos fazer a nós mesmos em algum momento e nem sempre a resposta é simples.
No que diz respeito aos efeitos visuais e CGI, dá para notar que não há preocupação em entregar algo excelente, porém isso realmente não é necessário em comparação com a profundidade dos temas discutidos. Até certo ponto, isso aproxima a produção da Amazon das primeiras temporadas da Série Atual de Doctor Who (2005 em diante), onde os efeitos ruins eram compensados por um roteiro de qualidade.
Como toda história desse tipo, é impossível fugir dos clichês. Aqui encontramos alguns deles e até mesmo escolhas e ações questionáveis dos personagens. Ainda assim, tais atos têm a função de deixar tudo preparado para segunda temporada, que até o momento dessa crítica não foi confirmada.
Paper Girls acerta ao apresentar personagens carismáticas e narrativa cativante dentro da temática da viagem no tempo. Mais do que isso, a série obtém sucesso ao focar no amadurecimento de suas protagonistas e na jornada de autodescoberta de cada uma delas. O Prime Video pode não ter sua própria Stranger Things, mas nem por isso deixa de ter em mãos um programa com potencial para explorar diversas possibilidades.
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Paper Girls - 1ª temporada
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