A franquia Predador é um tanto curiosa. Os dois primeiros filmes conseguiram criar uma mitologia simples, porém instigante sobre essa raça alienígena que vem a Terra para caçar como esporte. Rapidamente a franquia gerou toneladas de quadrinhos, alguns bem interessantes e outros de qualidade duvidosa. Nos quadrinhos, foram feitos diversos crossovers com outras franquias, dentre elas Aliens. A ideia era tão forte, e cativava tanto a imaginação dos fãs, que foi levada ao cinema. Foi nesse momento que a figura do Predador começou a perder um pouco de força na mídia e chegou ao seu ponto mais baixo com o filme de 2018.

Dessa vez a história se passa a 300 anos atrás, quando uma Comanche, chamada Naru, se depara com um dos primeiros Predadores a chegar a Terra. Ela precisará convencer sua tribo de que existe algo de anormal acontecendo, e ao mesmo tempo evoluir suas técnicas de caça para enfrentar esse novo perigo.

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A direção fica por conta Dan Trachtenberg, que dirigiu episódios da série The Boys, Black Mirror e o filme Rua Cloverfield, 10. Ele também participa do roteiro junto com Patrick Aison. Ambos tiveram uma ideia excelente de levar essa franquia para o passado ao invés de avança-la no tempo. Se o filme fosse somente sobre essa jovem tentando se provar uma caçadora diante dos demais homens de sua tribo, esse já seria um filme bem interessante. Colocar o Predador nessa mistura só torna as coisas ainda mais interessantes. Talvez o único “defeito” deste roteiro seja que ele demora um pouco para engrenar, mas também não deixa de estar sempre construindo sua protagonista nesse primeiro ato, que é um pouco lento.

As atuações são muito boas, especialmente da protagonista, vivida por Amber Midthunder que possuiu uma carreira sólida em séries. Realmente acreditamos que ela é capaz de todos os feitos incríveis que vemos em tela. Junto com sua atuação, e um roteiro muito bem amarrado, temos situações incríveis de Naru enfrentando esse caçador implacável. Além disso, temos uma jornada de personagem bem feita, por mais que não seja a mais original do mundo.

Para os que estavam com saudades da violência presente nos dois primeiros filmes, podem se alegar porque ela está de volta. Mas não acho que em nenhum momento a violência é usada de maneira gratuita, e às vezes a câmera até desvia em determinados momentos. Porém, não se acanha em outros, deixando tudo bem dosado. A ação às vezes é um pouco tremida, mas nada próximo dos péssimos filmes de ação super-confusos que vemos nos últimos anos. Ação não chega a ser excelente, mas é competente e de modo geral o filme compensa com clima, tensão e atuação.

Temos um ótimo uso de efeitos práticos que ajudam muito em vender a sensação de perigo e violência da história. Em dados momentos é fácil esquecer que o Predador realmente não existe. Porém, infelizmente, às vezes os efeitos especiais se fazem presentes e são nesses momentos onde lembramos que estamos vendo um filme. Mas nenhum deles são ruins, só não estão no mesmo nível dos efeitos práticos. A ambientação de época é ótima, apesar de simples. Provavelmente esse filme não teve um grande orçamento, mas conseguiu fazer muito com pouco e ainda ser esteticamente bem bonito em fotografia e cenários.

É curioso que o filme de 2018 tenha ido para cinema e esse tenha ido para streaming. Acredito que O Predador: A Caçada é a melhor coisa que temos dessa franquia desde o primeiro filme, e ficando no mesmo nível que ele possivelmente. Um filme pretensioso na medida certa ao tentar inovar na ambientação ao mesmo tempo em que se calca em algumas ideias clássicas do filme original. Quem dera tivéssemos mais filmes de grandes franquias com essa ousadia e vontade genuína de fazer algo novo.

Predador: A Caçada

8.5 Ótimo!
  • Nota 8.5
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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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