[SPOILERS] O terceiro episódio da 11ª temporada traz algo que não víamos há algum tempo em Doctor Who: a participação de personalidades históricas. Este detalhe traz uma renovação já que em The Woman Who Fell to Earth a aventura foi na Terra e The Ghost Monument em outro planeta.
Em Rosa, a 13ª Doutora e seus amigos estão tentando voltar para casa mas acabam sendo transportados para outra época. Mais precisamente, para o ano de 1955 em Montgomery, Alabama. Nesse período, eles conhecem uma costureira chamada Rosa Parks (Vinette Robinson). Uma mulher negra que ficou conhecida por um importante fato histórico na luta pelos direitos civis de pessoas negras nos EUA. O único problema é que alguém está tentando mudar o curso da história impedindo que isso aconteça como deveria.
Um aspecto bem importante é como o roteiro de Rosa remete à gênese da série. Para aqueles que não conhecem muito de Doctor Who em sua era clássica, fica o lembrete que desde o seu inicio a intenção era que a série fosse uma ficção voltada para as crianças. Ou seja, algo que fosse educativo com o protagonista presenciando importantes momentos da história ao mesmo tempo que era um modelo para o seu público. Felizmente, o programa evoluiu para muito além dessa temática. Para conhecer mais sobre isso, fica a recomendação do telefilme An Adventure in Space and Time (Uma Aventura no Espaço e Tempo, de 2013) que dramatiza a forma como a série foi criada e produzida.
As semelhanças entre as primeiras aventuras do Doutor e este episódio não param por ai. No inicio, o 1º Doutor (William Hartnell) viajava com um número de companions bem expressivo se comparado com as outras regenerações. O único diferencial agora está justamente na forma como a 13ª interage com seus amigos de viagem pelo tempo e espaço. Todos ali contribuem de alguma forma e a Doutora sabe utilizar muito bem esse conjunto de habilidades. É como se ela, assim como toda boa liderança, entendesse como trabalhar as habilidades dos integrantes de sua equipe com eficiência.
Além disso, há o fato de que nesse episódio todos acabam lidando com a questão do racismo de uma forma ou de outra. Para Ryan (Tosin Cole), principalmente, isto acaba sendo mais profundo já que é ele quem sofre mais com a violência dos americanos neste período da história. É por esse elo em comum com Rosa Parks que sua interação com ela acaba se tornando mais interessante, o que permite que ele conheça outra personalidade histórica: Martin Luther King (Ray Sesay). Mesmo aparecendo brevemente, ele faz a cena valer a pena.
No entanto, nem tudo são flores em Rosa. O vilão da vez, Krasko (Josh Bowman), não representa muito perigo e some sem deixar saudade. O roteiro escrito por Malorie Blackman e Chris Chibnall tem culpa nesse sentido pois desenvolve pouco o personagem tornando-o desinteressante. Entendemos pelas investigações da doutora que ele está tentando mudar um momento histórico com tentativas de impedir que Rosa Parks se manifeste contra os lugares marcados para pessoas brancas e negras nos ônibus, mas em nenhum momento vemos ele interagindo com outras pessoas da época.
Apesar disso, Rosa encerra de forma emocionante ao mesmo tempo que critica ao seu modo o preconceito. Não só isso como mantém o que podemos chamar de tradição da série, que é mostrar que todos nós podemos mudar o mundo mesmo com pequenos gestos. Por conta disso, Rosa Parks entra também para a história de Doctor Who como uma das mulheres mais importantes do universo ao lado de tantas outras que tivemos o prazer de conhecer.
Ficha técnica:
- Episódio: 11×3: Rosa
- Data de exibição: 21 de outubro de 2018
- Roteiro: Chris Chibnall e Malorie Blackman
- Direção: Mark Tonderai
- Duração: 48 minutos
- Elenco: Jodie Whittaker (Décima terceira Doutora), Bradley Walsh (Graham O’Brien), Tosin Cole (Ryan Sinclair), Mandip Gill (Yasmin Khan).
- Elenco convidado: Josh Bowman (Krasko), Vinette Robinson (Rosa Parks), Ray Sesay (Martin Luther King), entre outros.
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Assista ao trailer:
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