O título original é “Dog eat Dog” do diretor Paul Schrader, conhecido pelos roteiros de Touro Indomável e Táxi Driver. Desde 1978 ele já atua como diretor e Cães Selvagens é o seu mais recente filme que estreará no Brasil no dia 6 de Abril.  O elenco conta com Nicolas Cage, Willem Dafoe e Christopher Matthew Cook, com o roteiro baseado no livro de Edward Bunker e com adaptação de Matthew Wilder.

Sinopse: três criminosos que se conheceram na cadeia se juntam após retomarem sua liberdade e já começam a planejar como voltarão a ganhar dinheiro com o mundo do crime. Acompanhamos sua jornada de reintegração a sociedade e a criminalidade.

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Este é um filme sobre personagens e os três protagonistas são ótimos, segurando a trama até mesmo quando ela se perde. Dafoe está incrível e rouba a cena. Seu personagem é Mad Dog, um viciado, racista, homicida e, ainda por cima, simpático (de um jeito bizarro). Dafoe mergulha fundo e se entrega totalmente. É impossível não olhá-lo quando está em cena. Talvez seja pela sua enorme semelhança (muito provavelmente acidental) com o personagem Trevor de GTA 5. Aliás, o filme como um todo tem muito um ar de GTA, o que é ótimo já que estamos falando de uma história sobre crimes, roubos e violência grotesca. Talvez eu esteja exagerando no grotesco, pois, para quem já está habituado a ver filmes que puxam mais para a violência, esse não terá muitas novidades. Entretanto devo dizer que a cena introdutória de Mad Dog é surpreendentemente violenta e te joga para o filme a mil por hora.

Na verdade a direção se destaca muito nessa apresentação de Mad Dog fazendo uso de cores intensas, mudanças de ângulos ousadas e distorções para representar o uso de drogas. Infelizmente o filme perde muito dessa vibe ao longo da história. Obviamente que o filme não poderia ser 100% intenso como em seus primeiros minutos, mas talvez não precisasse ficar tão padrão na maior parte do tempo. O filme só volta a ousar em sua direção no final, mas o roteiro desandou um tanto. Já falarei sobre isso.

O personagem de Cage é Troy, a cabeça da gangue de três, que deseja fazer o clássico “último roubo para se aposentarem”. Se continuarmos na ideia de comparar esse filme com GTA 5 ele seria Michael. A atuação de Nicolas é padrão e quando isso está inserido num bom roteiro e numa boa direção, ele fica bastante aceitável. Se você é uma dessas pessoas que deixa de ver filmes por causa de Nicolas Cage, não faça isso com esse filme, pois a atuação de Nicolas não incomoda ou atrapalha.

Diesel é o que menos se destaca dos três e é interpretado por Christopher Matthew Cook apesar de ter os seus bons momentos. Seu personagem é o mais real, pois apresenta a psique fragilizada de alguém que passou muito tempo na prisão. Em seus momentos solos o personagem mostra a que veio, mas quando está com os outros dois protagonistas fica bem apagado.

O roteiro em si é um tanto estranho. Ele não respeita muito a ideia do que deve acontecer no primeiro ato, segundo e terceiro. O fim do filme, por exemplo, é bem decepcionante, mas ao menos temos cenas muito boas que te fazem grudar na cadeira desejando saber o que vem em seguida. Talvez esse seja a maior falha desse filme. Não saber dosar os acontecimentos ao longo do roteiro, deixando tudo de bom na primeira parte, fazendo o final ficar um tanto sem graça.

De modo geral o filme é bom. Bons personagens, sendo bem interpretados, numa direção competente. Um roteiro um tanto desregulado, mas com bons momentos. Se você está querendo uma boa violência, com doses regulares de humor sádico, talvez essa seja uma ótima pedida para você.

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Raul Martins

Autor dos livros Cabeça do Embaixador e Onde os sonhos se realizam

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