Inspirado na crônica “No Motel” de Luis Fernando Veríssimo, mas da crônica em si só é utilizado um conceito, Ninguém Entra Ninguém Sai simula o que aconteceria com as pessoas dentro de um motel que, ao invés de ficarem por 4 horas no prédio (como o padrão), fossem obrigadas a ficar por 40 dias. O que um marido que estivesse cometendo adultério faria? Ou menores de idade, que desculpas dariam para seus pais? E nessa premissa Hsu Chien inicia seu filme.

Após o diagnóstico de um vírus muito contagioso, até aquele momento inexistente no Brasil, o médico que faz a descoberta manda isolar em quarentena o Motel onde o paciente trabalha, pois, provavelmente, é o local em que contraiu a doença. Como a maioria dos filmes que tem como objetivo reunir um grupo de personagens e fazê-los interagir em um ambiente fechado faz, “Ninguém Entra Ninguém Sai” não é diferente, vemos uma reunião de personagens estereotipados: a mulher rica, a pobre, idosos, homossexuais e até uma fanática religiosa. Os personagens funcionam bem, a dupla famosa do Porta dos Fundos, Rafael Infante e Leticia Lima, são de longe os mais engraçados e, apesar de não contracenarem juntos, ambos jogam o longa pra cima. 

Nesse momento entram as minhas ressalvas com filmes de comédia feitos no Brasil ultimamente. Chega a ser meio absurdo em 2017 um filme recorrer ao Serginho Malandro gritando a todo momento em que apareça ou achar que ficar citando nomes estranhos como em uma esquete do YouTube é humor. Falta nas comédias brasileiras um pouco de confiança no gênero, tentam ser de tudo um pouco. Existem momentos no filme que chegam a ser patéticos, como no meio de uma cena besteirol introduzirem um drama familiar ou a filmagem em câmera lenta da primeira relação sexual de dois jovens apaixonados. Percebem? Tentam ser um filme que relata a realidade de famílias brasileiras, tentam ser um filme romântico e uma comédia besteirol também. Esses temas não possuem relação, se torna um filme mal montado com diálogos que as vezes não fazem o menor sentido. 

Com relação ao humor, é notável a inspiração nas comédias de Seth Rogen e Cia., em especial na comédia “Então, é o fim”. Auto-referência é a marca de Rogen e Chien tentou de algumas formas emular essa característica também, “coroando” o espectador com um final com um número musical ao mesmo estilo do longa supra-citado. Confirmando estas inspirações do diretor.

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No cômpito geral Ninguém Entra Ninguém Sai é divertido, possui boas cenas de humor e um tempo de comédia bem razoável, além de contar com bons atores no elenco. Esta longe de ser um filme memorável, possuindo defeitos muito claros que atrapalham a experiência total do espectador, mas ainda assim pode ser uma boa pedida pra matar um tempinho de tédio.

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