Trabalhar no ramo dos negócios é algo que dá certo para poucos. Trabalhar nesse ramo em Nova York é mais difícil ainda. Nesse tipo de área sempre existem os facilitadores, os indivíduos que fazem as pessoas que precisam se conhecer, de fato, se conhecerem, claro que recebendo uma “taxa de conveniência” por isto. Norman Oppenheimer (Richard Gere) é esse tipo de cara.
O filme orbita em torno de Norman e suas tentativas de negócio. O protagonista vive uma vida solitária em Nova York, fica bem claro que as operações financeiras que realmente importam naquela área estão longe de qualquer dependência de Norman. O homem vive sonhando em quando conseguirá a sua aposta certa. Por um acaso ele de certa forma consegue a sua jogada de mestre, conhecer Micha Eshel (Lior Ashkenazi), um politico israelense que não vive grande fase na carreira, mas que desperta em Norman o frescor de uma boa oportunidade.
A comparação que vou fazer agora pode não fazer muito sentido, mas confiem em mim, faz. Se Norman Oppenheimer não tivesse um nome não faria diferença, seu personagem lembra papéis que Clint Eastwood fazia em seu filmes de bang bang italianos, um estranho sem nome. Em nenhum momento do filme conhecemos seu passado e inclusive é deixado a pergunta se mesmo seu nome é real. Em tentativas de negócios ele simplesmente mente a respeito de tudo que envolve sua vida particular, tentando dar as respostas que as pessoas querem ouvir afim de que se sintam a vontade com um estranho. Chega a um ponto em que Norman se envolve em tanta “troca de favores” e pedidos de seus “amigos de negócio” que se torna impossível não achar que ele terá um final ruim. Mas assim como Clint Eastwood fazia nos anos 60/70, Richard Gere faz nesse filme, tenta resolver os problemas que tem nas mãos.
Na direção e roteiro Joseph Cedar me surpreendeu positivamente nas suas saídas visuais que demonstram de forma não verbal a forma que seu protagonista está se sentindo diante das passagens do filme. Já com relação ao seu roteiro tenho algumas ressalvas, filmes que falam sobre relações políticas são sempre complicados, ainda mais com relação à política israelense, talvez sendo um pouco mais didático nesse ponto melhorasse bastante a experiência dos expectadores.
No geral temos um filme lento e bem contido. Um protagonista sem passado e nem motivações claras pode funcionar muito bem quando se trata de um herói, não é o caso. Um personagem com essas características tendo como ofício uma profissão, por vezes, muito inconveniente, só torna o filme vazio de sentido por trás do superficial.