Tijolômetro: Atena (2025)
Abuso sexual e violência contra a mulher são temas delicados que estão sendo cada vez mais abordados no cinema de diversas maneiras, algumas sutis e outras escancaradas. Por isso, é lamentável quando vemos uma obra que se propõe a falar sobre um assunto tão importante fazendo isso de forma desleixada e confusa como é o caso de Atena, filme dirigido por Caco Souza e escrito por Enrico Peccin.
Na trama, Atena (Mel Lisboa) é uma mulher traumatizada pelos abusos que sofreu por parte do próprio pai na infância. Determinada a salvar outras mulheres e crianças que passam por situações semelhantes, ela se transforma em uma espécie de justiceira que julga e pune os agressores. Sua jornada toma outros rumos quando ela descobre o paradeiro do pai e, com a ajuda do repórter investigativo Carlos (Thiago Fragoso), parte em busca de vingança.
Pela sinopse, a produção parece direcionar sua abordagem sobre essa temática para um suspense policial. Contudo, essa ideia aparentemente boa — aliada a um elenco conhecido — se perde em meio a uma montagem confusa e cortes desconexos que tornam a experiência frustrante para o espectador.
O roteiro de Enrico Peccin cria motivações paralelas para os personagens coadjuvantes que não levam a lugar algum. Seja o policial que investiga uma rede de pedofilia e abuso, o jornalista que deseja escrever uma reportagem impactante ou a série de mulheres violentadas, nenhum deles tem a sua história concluída. As incoerências e pontas soltas ao final de Atena são tantas e tão óbvias que até mesmo a plateia mais desatenta conseguiria perceber.
A forma conveniente como as soluções para os problemas surgem refletem a preguiça do filme para buscar argumentos que façam sentido. Isso fica evidente na figura de Carlos. A rede ilimitada de “contatos” do jornalista lhe fornece respostas sobre tudo em questão de minutos, até mesmo sobre casos não solucionados pela polícia há décadas.
Nem mesmo a proposta de criar uma trama policial, por mais vazia que seja, proporciona alguma distração. O sentimento ao final dos 85 minutos de projeção é de que Atena é uma sucessão de desperdícios: desperdício de uma pauta séria e relevante, de um elenco competente e — principalmente — de tempo para aqueles que decidem assistir à obra.
Assista ao trailer:
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