Com a coragem de abordar um tema tão delicado que envolve a maior instituição do mundo, a equipe de reportagem Spotlight do jornal The Boston Globe, ganha mais do que uma adaptação para os cinemas. Ganha o tão almejado prêmio de melhor filme da Academia de 2016. Um grande feito que veio muito mais para premiar a história real em que o filme se baseia, do que premiar a produção cinematográfica em si.
A produção, dirigida por Tom McCarthy (do infame, Trocando os Pés de Adam Sandler), acompanha a equipe de jornalistas em sua investigação sobre os casos de pedofilia entre padres da Igreja Católica. Acompanha não só as investigações como também todos os entraves para publicar uma reportagem que poderia estremecer as bases do Vaticano. Matéria esta que ganhou o prêmio Pulitzer de serviço público em 2003 e expôs a conivência da Igreja aos casos de abuso de menores cometidos por seus eclesiásticos.
Com um elenco recheado de nomes conhecidos, a trama se desenvolve bem costurada pelo roteiro, e com leveza. Retratando os impactos dos abusos acometidos às crianças: famílias destruídas, futuros traumatizados e revolta. Sim, revolta é um sentimento que o filme tenta passar. Mas não chega ao nível de revolta da realidade.

Spotlight peca em deixar cenas chocantes apenas em descrições. Compreensível. Mas faltou coragem à produção do filme, a mesma coragem que sobrava nos verdadeiros jornalistas autores da matéria do Boston Globe para escancarar tais atrocidades que aconteceram. Porém, há de se salientar o bom entrosamento do elenco em questão, todos funcionam bem, representando cada uma das esferas da trama: as entrevistas, a investigação, a coação e a coragem. Pontos da cartilha do jornalista. Mas dentro desta gama de bons atores, temos Mark Ruffalo se destacando, como o jornalista apaixonado e esquentadinho.

Vale a pena assistir Spotlight. Um drama jornalístico investigativo que aborda um tema muito sério, que até hoje acontece nesse mundo à fora. Porém faltou uma pitada de coragem a mais, como a de seus inspiradores, para tornar esse longa uma produção verdadeiramente marcante.
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Daniel Gustavo

O destino é inexorável.

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