Tijolômetro – Conclave (2024):

Ótimo!

A disputa pelo Oscar 2025 é uma das mais acirradas dos últimos anos, com a presença de Ainda Estou Aqui cada vez mais forte, inclusive para Melhor Filme. Porém, essa categoria conta com um rival de peso para a produção nacional: Conclave. O thriller dirigido por Edward Berger (Nada de Novo no Front) prende a atenção dos espectadores do início ao fim ao apresentar os bastidores do evento mais secreto da Igreja Católica sob um olhar crítico e polêmico.

Após a morte do atual Papa, os cardeais são reunidos e confinados para eleger o novo pontífice. O encarregado de executar a cerimônia é o decano Thomas Lawrence (Ralph Fiennes) que, mesmo sem compreender por que foi escolhido para tamanha responsabilidade, se empenha para realizar a tarefa. Contudo, ele percebe que se envolveu em uma rede de conspirações e segredos onde ambições individuais colocam em risco todo o alicerce da Igreja.

Conclave é baseado no best-seller homônimo escrito por Robert Harris e nos mostra o lado humano desse ritual cercado de mistérios. Por trás de todos os significados religiosos, a ganância e a vaidade se sobressaem e apagam a suposta aura santificada dos cardeais, mostrando apenas homens comuns com defeitos como qualquer pessoa. Isto, aliado ao ambiente limitado onde toda a ação se desenrola, amplifica a atmosfera de suspense com intrigas e alianças sendo feitas e desfeitas.

A partir daí, cria-se o cenário ideal para fazer críticas à Igreja a respeito de escândalos envolvendo figuras do alto escalão, além de levantar a pauta sobre tolerância e aceitação no meio religioso. Assim, o roteiro separa os personagens em dois grupos distintos: os conservadores e os liberais. Essa polarização, porém, deixa pouco espaço para aqueles que se posicionam ali no meio-termo entre uma ideologia e outra, destacando-os tardiamente.

Com um trabalho tão cuidadoso em diversos aspectos, Conclave obteve o devido reconhecimento ao receber oito indicações ao Oscar. Além da categoria de Melhor Filme, fica o destaque para a nomeação de Ralph Fiennes como Melhor Ator ao interpretar um cardeal atormentado por sua crise de fé e, com isso, se tornar o favorito para levar o prêmio. Stanley Tucci também chama a atenção, mas infelizmente não está concorrendo a Melhor Ator Coadjuvante. Já nas categorias técnicas, a trilha sonora marcante é o toque final no clima de tensão da narrativa. Por outro lado, sua ausência em Melhor Fotografia é lamentável, visto que o trabalho de Stéphane Fontaine consegue transmitir um sentimento de solidão ao mostrar espaços amplos ao mesmo tempo em que causa a sensação de que os personagens estão constantemente sendo observados por alguém oculto.

O ponto mais divergente da produção está em sua conclusão devido à polêmica causada principalmente entre os católicos. Depois de tantas mudanças de rumo e revelações, a trama ainda consegue largar uma última informação para pegar a audiência desprevenida e fazê-la refletir. Mas o significado que isso tem para o contexto político do longa faz todo o sentido se analisarmos o contraponto feito ao conservadorismo ao liberalismo apresentados.

Combinando elementos estéticos, atuações e trilha sonora a uma premissa intrigante e controversa, Conclave se torna um dos favoritos do Oscar em 2025. O fato de o filme apelar para a curiosidade dos espectadores acerca de uma das cerimônias mais importantes e secretas do mundo é apenas mais um ponto para torná-lo popular não somente entre os membros da Academia, mas também para o público em geral.

Assista ao trailer:

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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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