No Brasil, a década de 1980 foi um período efervescente para o cenário musical. Várias bandas que marcaram época surgiram naqueles anos de redemocratização do país e o som delas chegava por um meio de comunicação cada vez mais presente na vida dos jovens: o rádio, em especial a Fluminense FM que foi uma propagadora do rock nacional. E é a sua jornada que conhecemos em Aumenta que é Rock’n’Roll, um misto de comédia com cinebiografia musical que empolga independente de alguns tropeços em seu resultado final. 

Com direção de Tomás Portella, o filme nos apresenta Luiz Antônio (Johnny Massaro), um radialista que inesperadamente se vê no comando de uma estação de rádio falida e caindo aos pedaços. Contando apenas com sua paixão pelo rock and roll e com uma equipe muito louca, ele cria uma das rádios mais emblemáticas da história conhecida como “A Maldita”. Entre solos de guitarra e interferências no sinal, acompanhamos suas aventuras e desventuras nesse trabalho, além da sua relação com Alice (Marina Provenzzano), uma locutora casada e imprevisível.

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Baseado no livro “A Onda Maldita – como nasceu a Fluminense FM”, do jornalista e radialista Luiz Antônio Mello, Aumenta que é Rock’n’Roll mistura acontecimentos reais com elementos fictícios em uma trama envolvente. Isso nos permite conhecer o caminho percorrido por Luiz à frente de uma estação que ficou marcada por suas inovações que vão desde uma locução na maioria feminina até uma programação autêntica que não repetia música e com espaço dedicado ao gênero como um todo, em especial para os roqueiros nacionais que estavam iniciando suas carreiras de sucesso. 

Sobre isso, é necessário um destaque à parte para a trilha sonora. Aos cuidados de Dado Villa-Lobos, conhecido pelo seu trabalho como guitarrista do Legião Urbana, esse elemento transforma a experiência em uma fonte de prazer nostálgico. Tendo propriedade por ser um personagem que fez parte daquele momento histórico, ele soube escolher bem clássicos marcantes de Paralamas do Sucesso, Blitz, Barão Vermelho, entre outras opções, como é o caso de sucessos da sua clássica banda. Outro detalhe é que muito mais do que hits variados esses sons se encaixam no momento certo e dialogam com o que está sendo mostrado em tela.

Do ponto de vista histórico, Aumenta que é Rock’n’Roll consegue recriar de forma convincente toda a atmosfera daquele tempo. Isso é nítido em vários aspectos, desde roupas que configuravam um estilo próprio até carros, comentários sobre o momento político, cenários e itens como vitrolas que giravam praticamente sem parar.

No entanto, esses recursos muito bem utilizados não são suficientes para eliminar a sensação de uma produção longa e cansativa. E isso ocorre pela escolha do roteiro em ter uma narrativa episódica, algo até comum em cinebiografias musicais. Mesmo cativando pelo humor de situações absurdas, a edição acaba exagerando um pouco na quantidade delas.     

No final das contas, isso não diminui o brilho de Aumenta que é Rock’n’Roll que merece ser reconhecido pela sua qualidade. Em seu resultado final, fica clara a possibilidade de dialogar com diferentes gerações. Quem viveu a adolescência no período retratado vai matar a saudade de um capítulo rico em termos musicais do nosso país e curtir muito, enquanto para uma audiência mais nova essa será a oportunidade de conhecer um som de qualidade e receber uma divertida aula de história.

Assista ao trailer:

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Aumenta que é Rock’n Roll

9.0 Ótimo!
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Marcus Alencar

"Palavras importam! Uma morte, uma ondulação e a história mudará em um piscar de olhos"

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