Um filme pode conquistar a atenção do público com uma premissa criativa e complexa ou então com algo tão absurdo que nos obriga a assistir para ver se é tão bizarro quanto parece. O Urso do Pó Branco se encaixa na segunda opção ao apostar suas fichas em um roteiro louco que se torna ainda mais atrativo quando vemos que foi “baseado em fatos reais”. O resultado é tudo aquilo que já esperávamos: violência explícita, comédia nonsense e muita diversão.

A produção dirigida por Elizabeth Banks (Power Rangers) se passa em 1985, depois que uma operação de tráfico de entorpecentes dá errado e um urso negro devora o carregamento de cocaína que se perdeu na floresta. Tanto os donos da droga quanto os turistas e os moradores da região se tornam alvo dessa fera descontrolada e chapada, que só quer continuar alimentando seu vício pelo pó branco.

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Saber que a história de um urso assassino muito louco de cocaína foi baseada em fatos reais pode ser impressionante. Mas o único fato verídico nessa história é que, em 1985, um urso realmente ingeriu mais de 30 quilos de cocaína após um contrabandista perdê-la na floresta. A partir desse ponto, tudo o que acontece em O Urso do Pó Branco veio da imaginação dos roteiristas.

A consequência disso é uma série de eventos trash envolvendo muitas mortes, sangue e cenas absurdas, com destaque para a perseguição a uma ambulância. O mérito do roteiro é justamente reconhecer a loucura de tudo que está sendo exibido na tela e se entregar a isso sem receio. A comédia nonsense resultante cria um humor deturpado que intencionalmente nos faz rir enquanto pessoas são mortas de maneira brutal. Ser ambientado nos anos 80 é só mais um ingrediente para incrementar a viagem com trilha sonora boa e descontraída.

Apesar de ter apenas uma hora e meia de duração, a obra consegue apresentar seus personagens com calma para termos a chance de simpatizar e torcer (ou não) por eles. Temos uma mãe e duas crianças, as autoridades locais, os baderneiros e os traficantes, sendo estes liderados por Syd, último papel de Ray Liotta, falecido em 2022. Não há nenhum destaque para atuações ou desenvolvimento de personagem – algo que seria até estranho nesse filme – mas isso realmente não faz falta.

A trama tem começo, meio e fim satisfatórios, sem a necessidade de uma cena pós-créditos com promessas de produções futuras. Mesmo assim, os produtores não descartam a possibilidade de uma sequência ou até mesmo de obras derivadas com outros animais seguindo carreira nesse universo (cocaverso, talvez?)

O Urso do Pó Branco não tem pretensões de ser levado a sério e é exatamente por esse motivo que consegue ser tão divertido e irreverente. O filme entrega aquilo que promete desde o início: uma história absurda de fato que, por si só, é suficiente para criar bom entretenimento.

Assista ao trailer:

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O Urso do Pó Branco (2023)

8.0 Ótimo!
  • Nota 8
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Mozer Dias

Engenheiro por formação, mas apaixonado pelo mundo da literatura e do cinema. Se eu demorar a responder, provavelmente estou ocupado lendo ou assistindo a um filme.

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