Tijolômetro – Ash: Planeta Parasita
Assistir a um filme com baixas expectativas pode ser um bom negócio, principalmente se elas forem minimamente atendidas ao final da projeção. Esse é o caso de Ash: Planeta Parasita, que entrega uma ficção científica eficiente com toques de terror, proporcionando uma experiência imersiva em uma atmosfera de suspense psicológico e horror cósmico.
Na história, Riya (Eiza González, de Guerra sem Regras), uma cientista espacial, volta a si e descobre que dois dos seus tripulantes foram violentamente mortos, enquanto um terceiro, Clarke (Kate Elliott), está desaparecido. Sem memória do que aconteceu e com um ferimento na testa, ela inicia uma investigação pela nave. Tudo muda quando outro sobrevivente, Brion (Aaron Paul, de Breaking Bad), aparece.
Mesmo não sendo uma produção inovadora no gênero, Ash: Planeta Parasita conquista pela qualidade técnica. O longa tem direção do estreante Flying Lotus, que também assina a trilha sonora. Com músicas instrumentais que começam de forma monótona, mas aumentam de intensidade de maneira equilibrada, a atmosfera cheia de tensão e angústia é criada de forma eficaz.
Isso, por sua vez, dá novos contornos ao estilo visual do filme. Em cenas mais intensas, utiliza-se uma câmera em primeira pessoa como diferencial estético, o que reforça a imersão no terror. Uma parcela da audiência provavelmente sentirá, nesses momentos, uma sensação parecida com a de jogos como Doom e Halo — conhecidos por serem jogos em primeira pessoa, nos quais o jogador experimenta a ação através da perspectiva do personagem, como se estivesse olhando com os seus próprios olhos.
Nesse sentido, vale dizer que, em Ash: Planeta Parasita, esses dois elementos contribuem para o gore que se apresenta quando a verdadeira ameaça se revela. Mesmo que a edição e a montagem em certos momentos não ajudem muito, cada cena compensa pelos momentos mais assustadores que proporciona.
Por outro lado, isso não é o bastante para desconsiderar o fato de que os diálogos muitas vezes são fracos, o que compromete o impacto de algumas cenas. Esse problema se agrava quando o roteiro de Jonni Remmler não se dá ao trabalho de criar um background decente para os personagens, dificultando nossa empatia com eles.
Apesar disso, o enredo acerta ao colocar a protagonista em uma situação sem memória, onde a construção de um “quebra-cabeça” junto ao público e a sensação constante de dúvida sobre o que é real ou não tornam tudo mais envolvente.
Com tropeços narrativos, Ash: Planeta Parasita dificilmente será lembrado no histórico da filmografia do horror cósmico — do qual fazem parte clássicos como Alien, o 8º Passageiro (1979) e O Enigma de Outro Mundo (1982). Ainda assim, suas qualidades técnicas garantem uma experiência imersiva satisfatória, principalmente para quem não assiste com grandes expectativas — e, no final das contas, isso até basta como entretenimento.
Assista ao trailer:
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