Tijolômetro – O Festival Interestelar da Canção

Ótimo!

[SPOILERS A SEGUIRPor diversos motivos, O Festival Interestelar da Canção ficará marcado por muito tempo na memória dos fãs de Doctor Who. Com uma trama que volta a abordar críticas sociais atuais e pertinentes, o episódio se destaca pelo impacto de uma grande descoberta — há muito aguardada — que, embora empolgante, acaba ofuscando o enredo principal.

O Doutor (Ncuti Gatwa) e Belinda (Varada Sethu) aterrissam em um festival musical cósmico no ano 2925, como parte de um plano para triangularem coordenadas que, em teoria, permitirão seu retorno ao dia 24 de maio de 2025. No entanto, a estratégia é interrompida quando seres da raça Hellion sequestram a arena espacial da competição e ameaçam a vida de trilhões de criaturas.

A premissa de O Festival Interestelar da Canção insere a dupla em uma versão futurista da Eurovision — o tradicional festival europeu de música — algo que, a princípio, poderia parecer divertido e despretensioso, mas que logo revela um tom bem mais sério. Os Hellions Kid (Freddie Fox) e Wynn Aura-Kin (Iona Anderson) são apresentados como figuras vingativas, perigosas e calculistas. Isso se deve ao desejo de vingança pela destruição do planeta Hellia, explorado e devastado devido à extração de um recurso natural. A mesma corporação que financia o festival é responsável por essa devastação. Como consequência, a reputação da espécie foi arruinada: são vistos como canibais e praticantes de bruxaria, sendo alvo de preconceito em grande parte da galáxia.

Mesmo com esse pano de fundo trágico, o roteiro de Juno Dawson não “passa pano” para as ações dos vilões — especialmente Kid, cujo plano culminaria em um genocídio sem precedentes. É justamente a ação dele que possibilita um dos momentos mais intensos e significativos de Ncuti Gatwa como o 15º Doutor. Ao considerar a possibilidade de ter perdido sua companion durante a primeira fase do ataque, o Senhor do Tempo adota um comportamento sombrio. Inclusive, é sempre impactante ver o Doutor entregando esse lado mais agressivo, como na cena em que ele basicamente tortura seu adversário sem hesitação, o que remete a lembrança das ações do 10º Doutor (David Tennant) em The Family of Blood (S3E9). Fica até a dúvida sobre o que teria acontecido se Belinda não tivesse interferido.

Como se isso já não fosse suficiente para marcar a história, o capítulo ainda reserva uma bomba nos créditos finais: a revelação da verdadeira identidade da Sra. Flood (Anita Dobson) como uma nova regeneração da Senhora do Tempo conhecida como Rani. Esse momento é apresentado junto à repetição da bi-regeneração vista em The Giggle (Risadinha), introduzindo a personagem agora interpretada por Archie Panjabi. Em poucos minutos, Panjabi evoca a presença icônica de Kate O’Mara, que viveu a vilã na Era Clássica de Doctor Who.

O Festival Interestelar da Canção encerra com essa aguardada resposta, mas deixa outras perguntas no ar: o que há por trás das aparições de Susan (Carole Ann Ford)? O que de fato ocorreu no dia 24 de maio — questão que aparentemente será respondida em Wish Word (S2E7), conforme o gancho deixado aqui? Com tantos eventos marcantes, o excesso de revelações acaba por ofuscar parte da trama, que discute temas como intolerância, exploração de recursos naturais e preconceito social por meio de seus antagonistas. Ainda assim, não há como negar o fato de que é impossível ignorar a qualidade de um capítulo tão impactante como este.

Ficha técnica:

  • Episódio: 6×2 – Doctor Who: O Festival Interestelar da Canção (The Interestelar Song Conquest)
  • Data de exibição: 17 de maio de 2025
  • Roteiro: Juno Dawson
  • Direção: Ben A. Williams
  • Duração: 47 min.
  • Elenco: Ncuti Gtwa (Doutor), Varada Sethu (Belinda Chandra), Freddie Fox (Kid), Iona Anderson (Wynn Aura-Kin), Anita Dobson (Srta Flood/Rani), Archie Panjabi (A Rani), entre outros.

Assista ao trailer de O Festival Interestelar da Canção:

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