Ano passado, o filme da Mulher-Maravilha fez um sucesso histórico e iniciou o que pode ser considerado um novo passo para as adaptações de quadrinhos. Por conta disso, produções como Capitã Marvel ganharam mais destaque além de gerar muita expectativa no público. Infelizmente, por enquanto, talvez não dê para dizer o mesmo sobre os possíveis filmes solos da Batgirl e da Viúva Negra. No caso da heroína da DC, a dúvida acaba sendo maior com o anúncio da saída de Joss Whedon que seria responsável tanto pela direção como pelo roteiro. Já em relação a personagem interpretada por Scarlett Johansson, que há anos interpreta a Viúva Negra no Universo Cinematográfico da Marvel, a dificuldade é de encontrar uma história interessante depois de tantas produções com personagens parecidas como em Atômica e Operação Red Sparrow.
Sobre a Batgirl, vale lembrar que esta não seria a primeira vez da personagem em outras mídias. Na década de 60, a atriz Yvonne Craig dava vida a Bárbara Gordon e seu alter-ego no icônico seriado do Batman estrelado por Adam West. Anos mais tarde, no esquecível Batman e Robin (1997) ela foi interpretada por Alicia Silverstone que nesta versão era sobrinha do Alfred ao invés do Comissário Gordon. E, por último, Dina Meyer interpretou o mesmo papel na tentativa de adaptar Birds of Prey (2002-2003) para televisão. O curioso desta última versão é que além da Batgirl também tivemos a Oráculo, identidade pelo qual heroína ficou conhecida após os eventos da HQ clássica A Piada Mortal.
Depois desta rápida viagem no tempo, é importante mencionar a paixão de Joss Whedon pela heroína. Mesmo que a produção do filme não estivesse nos planos da Warner, havia essa possibilidade de um filme solo produzido pelo cineasta conhecido mundialmente pelo enorme sucesso que foi Vingadores (2012). Infelizmente, o fracasso de Liga da Justiça nas bilheterias acabou caindo na conta dele e isso deve tê-lo desanimado com o projeto. Esta na verdade é uma das possibilidades, já que segundo declarações do próprio Whedon “não havia uma história pra contar”, Outro motivo, este mais provável, é das criticas que surgiriam caso um filme de heroína fosse dirigido por homem.
Por causa deste detalhe, é preciso relembrar a importância de Patty Jenkins na direção de Mulher-Maravilha. Com seu trabalho, a cineasta provou que filmes com super- heroinas são lucrativos, interessantes e importantes para um sub-gênero cada vez mais saturado de filmes de super-herois. Claro que não podemos esquecer de dizer que demorou muito tempo para um filme como esse ganhar a luz do dia. Isso além do fato que a indústria cinematográfica não deve ser considerada ‘boazinha’ apenas por ter dado chance à uma diretora. Aliás, se você fizer uma pesquisa pelo nome dela no IMDB verá que em seu currículo há poucos trabalhos, algo que entre vários fatores é resultante do machismo na indústria que sempre criou barreiras para as mulheres atuarem e mostrarem seu talento. Para conhecer mais sobre a carreira de Patty Jenkins, fica a dica deste excelente episódio do podcast Feito por Elas.
Agora, sobre a Viúva Negra há outro problema além das produções parecidas citadas no inicio deste artigo. Em primeiro lugar, é importante lembrar que uma roteirista já está contratada: Jac Schaeffer. No entanto, esta é apenas uma única noticia sobre o filme protagonizado por Scarlett Johansson que já vem interpretando a personagem desde 2010 quando apareceu em Homem de Ferro 2 (2010) com cenas de luta muito bem coreografadas aliadas a uma boa interpretação. Anos depois seu talento continuou sendo mostrado em Os Vingadores (2012), Capitão América 2: O Soldado Invernal (2014), Vingadores: Era de Ultron (2015) e Capitão América: Guerra Civil (2016). De certo modo, pode-se até dizer que foi criado um arco da Viúva em cada filme de forma parecida com o que ocorre com o Hulk nos cinemas.
Fica aqui uma curiosidade. Na segunda temporada de Agente Carter (2016) há uma referência sobre o programa de treinamento das Viúvas Negras do qual a vilã Dottie Underwood teria passado em sua infância. Provavelmente, essa foi a forma da Marvel testar a reação do público a este tipo de história de forma parecida com o que ocorreu com a própria Agente Carter que protagonizou um curta antes mesmo da sua série solo. A propósito, fica a dica para ouvir este interessante episódio do podcast Da Prateleira sobre a personagem.
Apesar de tudo o que foi citado, é importante lembrar que a produção do filme solo da Viúva Negra não faz parte do calendário oficial do estúdio ou tem previsão para chegar aos cinemas. Claro que ainda é muito cedo para qualquer teoria sobre a produção ou um possível cancelamento. Afinal de contas, a noticia é recente. No entanto, o que também pode adiar este projeto é a concretização da compra da Fox pela Disney. Como a transação ainda está sujeita a aprovações regulatórias, o que deve levar vários meses para ser concluído, tudo fica em aberto a menos que se coloque em prioridade a produção protagonizada por Scarlett Johansson.
Enfim, o futuro é incerto para as heroínas no cinema. Talvez as coisas mudem se Capitã Marvel fizer mais sucesso que Mulher-Maravilha em 2019. Quem sabe a partir dai não haja também uma esperança para um filme com as Vingadoras conforme foi sugerido na festa de 10 anos da Marvel Studios?
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