No dia 2 de dezembro de 2016, o Black Sabbath transformou a Apoteose do Samba na ApoteOZZY do Heavy Metal, apresentando aquele que foi declarado como o último show da banda britânica em terras cariocas, com a turnê The End.

Surgido no final dos anos 60/início dos 70 em Brimingham, o Black Sabbath é uma das bandas às quais se atribui a criação do Heavy Metal. Até então, nunca se tinha visto algo como o baixo pesado de Geezer Butler e a bateria de Bill Ward encorpando riffs emblemáticos como os de Tony Iommi, bem como letras versando sobre temas sombrios, como ocultismo, terror, e atitude antirreligiosa, temática esta que, segundo a lenda, foi proposta ao grupo por Ozzy, após passar em frente a um cinema que anunciava As Três Máscaras do Terror, película de 1963 do diretor italiano Mario Bava, que contava três histórias de horror, e que, na Inglaterra da época, foi anunciado sob o título de Black Sabbath. “Se as pessoas vão ao cinema pra sentir medo, elas também podem ouvir músicas pra sentir medo”, teria declarado Ozzy.

Com uma carreira de muitos altos e baixos (sem trocadilhos no uso da palavra “carreira”), o Black Sabbath da fase Ozzy é tido por muitos fãs como a melhor época da banda, que durou de 1970 a 1979, deixando um legado musical que ecoa por gerações, como os lendários discos Paranoid e Sabbath Bloddy Sabbath, e hits que se tornaram hinos do metal, como War Pigs. A apresentação da banda britânica em terras cariocas era, portanto, um “balanço geral” da supracitada época.

A apresentação do Sabbath foi precedida pelos californianos do Rival Sons, que fizeram uma performance curta, porém convincente, com um som carregado de elementos de blues e hard rock, especialmente com a perfomance do competente vocalista Jay Buchanan. Por outro lado, assim como no show do Guns N Roses, repetiu-se a sina das bandas de abertura: os telões só mostraram a logo da banda, ao invés de acompanhar a apresentação dos caras..

Honrando a fama da “pontualidade britânica”, o trio Sabbath foi ao palco exatamente às 21:30. Sim: o trio.. O baterista original do Black Sabbath, Bill Ward, à época do lançamento do álbum 13, se recusou a participar da nova reunião da banda, alegando que só participaria se houvesse um “contrato assinável”, considerando que o batera declarou ter se sentido no prejuízo após a primeira reunião da banda em 1999.

Substituído por Tommy Clufetos, a banda engatilhou aquele que foi o seu primeiro sucesso, Black Sabbath, puxado pelas três notas dissonantes apelidadas de nota do diabo, ou trítono. A reação do público foi de imediata aprovação, mas houve protestos quanto à infra-estrutura técnica do show, que apresentou problemas de equalização, volume e também  nas projeções do telão principal, problemas estes que só foram definitivamente corrigidos a partir da quarta música, Into The Void.

Apesar de não ter feito as loucuras que lhes são habituais, como jogar baldes de água na galera e pular igual sapo no palco, Ozzy fez uma performance musicalmente boa, afinada, e sempre retribuindo a devoção do público com seus “we love you all” e “i can’t fucking hear you!”. Geezer Butler mandou super bem, como lhe é de praxe, levantando o público com seu solo e, em especial, com as linhas iniciais de N.I.B.  Tommy Clufetos fez uma apresentação que combinou técnica, vivacidade e presença de palco, o que ficou mais que provado durante o solo devastador de bateria que abriu caminho para o mega-hit Iron Man.

O integrante mais aclamado de todos, no entanto, foi Tony Iommi, e não é pra menos. Antes da fama, o cara sofreu um acidente de trabalho numa fábrica que lhe decepou as pontas de alguns dedos, o que não o impediu não só de tocar guitarra como também de figurar entre os grandes; e, mais recentemente, venceu a luta contra um linfoma. Não é à toa que Iommi é apelidado de Homem de Ferro (chupa, Tony Stark!).

Com uma apresentação em torno de 90 minutos, o Black Sabbath se despediu do palco com uma boa apresentação, apesar de faltarem alguns clássicos, como Sabbath Bloody Sabbath ou Electric Funeral, por exemplo, e, como não poderia deixar de ser, o show foi encerrado ao som de seu maior sucesso, Paranoid, mas, ao mesmo tempo, deixou uma pontinha de saudade ante a ideia de que aquela foi a derradeira apresentação do Sabbath em terras cariocas.

Set list:

1 – Black Sabbath
2 – Fairies Wear Boots
3 – After Forever
4 – Into the Void
5 – Snowblind
6 – War Pigs
7 – Behind the Wall of Sleep
8 – N.I.B.
9 – Rat Salad
10 – Iron Man
11 – Dirty Women
12 – Children Of The Grave
13 – Paranoid

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